O Etanol
Por André Luiz
andre2r@oi.com.br
O etanol desponta como a grande estrela entre as fontes de energia ambientalmente corretas e renováveis, e o Brasil aparece como seu possível maior produtor. Herdeiros do pró álcool - programa do governo iniciando no fim da década de 70 e que tinha como objetivo a substituição dos combustíveis derivados de petróleo por álcool – possuímos ainda hoje, espalhadas por algumas regiões do país, usinas remanescentes daquele período que poderão ser reativadas em função dessa demanda por combustíveis renováveis. Há, no entanto setores que resistem à idéia de se “plantar combustível”, tanto no plano nacional, quanto no internacional. Uma das maiores críticas do programa do etanol tem sido a Transnacional SHELL, que em recente nota divulgada criticou os países que tem a intenção de implantar o programa de combustíveis renováveis, em especial o Brasil. As críticas fizeram menção não só a substituição de áreas agricultáveis destinadas à produção de alimentos, como também aos usineiros brasileiros, contumazes devedores de impostos e que também aparecem como principais responsáveis pela “ainda existência de trabalho escravo no Brasil”. É sabido que o etanol vem a ser considerado o combustível do futuro, não só por ter uma fonte renovável como também por suas emissões reduzidas em relação aos combustíveis fósseis, mas também é de conhecimento amplo que a indústria canavieira é a que produz o maior número de ocorrências de denuncias de trabalhos escravo no pais e também um índice considerável de óbitos de trabalhadores levados a condições físicas extremas. Um cortador de cana pode chegar a cortar até 16 toneladas de cana por dia de trabalho. Este dado faz parte de estatística do Organização Internacional do trabalho – OIT - e coloca o país no rol de países em desenvolvimento onde é comprovada existência, “ainda”, de trabalhadores submetidos a condições de trabalho escravo.
Há de se ter cautela, por tudo que a produção de etanol pode vir a ser para o país. Desenvolvimento, tecnologia, trabalho e emprego poderão alavancar o tão sonhado crescimento socioeconômico de que tanto precisamos. A dependência de fontes de energias não renováveis também é determinante fator no dimensionamento de um programa de tal magnitude, mas não pode também vir a ser o programa do etanol responsável pela diminuição das áreas agricultáveis responsáveis pela produção de alimentos, pela intensificação de formas de se burlar a legislação fiscal e a manutenção da indústria da escravidão num país que ainda precisa muito aperfeiçoar seus planos de melhoria da qualidade socioeconômica e de combate a corrupção.
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