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Brasil poderá ser 6º maior produtor de petróleo em 2030

BBC - 11/11/2009

Ciclo do ouro negro


Um relatório anual da AIE (Agência Internacional de Energia) prevê que, graças às descobertas das novas reservas de petróleo na camada pré-sal, o Brasil passará a ser o sexto maior produtor mundial de petróleo em 2030, com 3,4 milhões de barris diários - atrás apenas de Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Irã e Canadá.

Segundo o relatório World Energy Outlook 2009 ("Panorama da Energia Mundial", em tradução livre), o país é o terceiro com o maior aumento percentual previsto na produção de petróleo, de 2,9% ao ano, entre 2008 e 2030.

O aumento da produção ficaria apenas atrás do aumento anual de 4,8% esperado para o Iraque, graças principalmente aos investimentos para a exploração das reservas já existentes, e dos 5,4% de aumento anual previstos para a produção canadense.

O mais recente levantamento The World Factbook, compilado pela CIA (a agência de inteligência americana), indica que o Brasil ocupa atualmente a 13ª posição no ranking mundial de produtores, com produção diária de cerca de 2,4 milhões de barris.
Queda no consumo de petróleo

A AIE espera um aumento anual de cerca de 1% na demanda global por petróleo até 2030, apesar de uma queda na demanda entre os países desenvolvidos.

De acordo com o relatório da organização, o consumo global de energia deve cair pela primeira vez em 2009 desde 1981, por conta da crise econômica global.

Mas a agência diz que, mantidas as atuais políticas de desenvolvimento, o consumo retomará rapidamente sua tendência de alta no longo prazo, acompanhando a recuperação econômica.

O relatório prevê um aumento anual de 1,5% no consumo de energia mundial entre 2007 e 2030, totalizando um aumento total de 40% no período.

Os principais motores desse crescimento da demanda, segundo a AIE, seriam os países da Ásia (incluindo a China e a Índia), seguidos dos países do Oriente Médio.

Apesar do crescimento da produção de energias alternativas mais limpas, a AIE prevê que o petróleo continuará como a principal fonte de energia mundial até 2030 - a participação do petróleo deverá cair apenas de 34% para 30% no consumo total de energia.

10,5 trilhões pelo meio ambiente

O relatório da AIE faz ainda um alerta sobre como o mundo deverá enfrentar as mudanças climáticas.

De acordo com a agência, o mundo precisará investir US$ 10,5 trilhões no setor de energia entre 2010 e 2030 para atingir o objetivo de limitar as emissões globais de gases do efeito estufa e impedir um aumento das temperaturas mundiais em mais de 2ºC.

O relatório adverte que cada ano de atraso na obtenção de um acordo para limitar as emissões somaria US$ 500 bilhões no custo total desses investimentos.

Ainda assim, diz a agência, se esse atraso for de alguns anos, ficará impossível cumprir a meta de limitar o aumento das temperaturas globais em 2ºC.

No mês que vem, líderes de todo o mundo devem se reunir numa conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Copenhague, na Dinamarca, para tentar chegar a um acordo para limitar as emissões.

Freando o aquecimento

Há um consenso cada vez maior entre os países de que é necessário limitar o aumento das temperaturas globais em até 2ºC, acima do qual as mudanças climáticas podem se tornar imprevisíveis e irreversíveis. Mas ainda há grandes divergências sobre qual a maneira de se conseguir esse objetivo.

Para a AIE, "a cada ano que passe, a janela para ações sobre as emissões se torna mais estreita, e os custos de transformar o setor de energia aumentam".

"Um ingrediente crítico no sucesso dos esforços para prevenir as mudanças climáticas será a velocidade com que os governos ajam nos seus compromissos. A salvação do planeta não pode esperar", afirma a agência em seu relatório.

Segundo a AIE, se nada for feito para limitar as emissões e o aumento das temperaturas mundiais em 2ºC, os custos de adaptação do mundo aos efeitos do aquecimento global serão "várias vezes maiores" do que os custos dos investimentos para limitar as emissões.

"Os países que estarão na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas não devem perder isso de vista", recomenda o documento.

Série HOW IT WORK nº 1 - Como funciona um FPSO?


Hoje, é sobre Como Funciona um FPSO. Se você é da área de Petróleo e não sabe o que é isso, está parado no tempo, estude! E se você já conhece, não conhecimento nunca é demais. Abaixo a introdução. Para baixar o arquivo clique no link abaixo dela.

Uma unidade flutuante de produção, armazenamento e escoamento, ou simplesmente, FPSO, é frequentemente utilizada para facilitar no processamento e armazenamento do petróleo explorado. O design da maioria das unidades flutuantes (FPSOs) está sob a forma de navios, que dispõem de equipamentos para o processamento da matéria-prima; o armazenamento do petróleo se dá na parte inferior da sua estrutura em um tanque duplo. Após o processamento, um FPSO armazena o petróleo ou gás para posterior escoamento via tanques que são ligados por tubos especiais.


Se você gostou da série, e tem domínio de inglês, ou até mesmo deseja praticar seu inglês, segue abaixo o link original.

Revista TN Petróleo - Profissões


Mais uma matéria da Revista TN Petróleo abordando dentro das profissões com maiores demandas no setor petrolifero o merado de trabalho especifico, as caracteristicas dos profissionais, dos cursos, médias salariais e no final uma lista com algumas universidades que oferecem esses cursos.

Clique na imagem para baixar a matéria

7 dicas para criar uma boa rede de relacionamentos

Trazendo mais uma vez à tona esse assunto tão comentado em nosso meio, o famoso Networking, trago pra vocês um artigo que saiu no site Computerworld muito bom que tem este título e mostra 7 passos para o profissional lançar mão de alternativas para driblar a timidez e conquistar sucesso no mercado de trabalho:

Praticamente todo mundo sente certo nervosismo quando precisa abordar outra pessoa ou ser apresentado a alguém importante. Mas, para quem é naturalmente tímido, introvertido, ou ambos, fazer o chamado “networking” profissional, ou seja, estabelecer uma rede de contatos, pode ser tão difícil quanto completar uma maratona.

Segundo a autora do livro “How to Survive, Excel and Advance as an Introvert” (Como Sobreviver, Destacar-se e Progredir sendo um Introvertido), Naomi Karten, os introvertidos são menos propensos a iniciar uma conversa. Isso pode ser uma desvantagem significativa no mundo corporativo, onde o sucesso na carreira depende muito da construção de relacionamentos sólidos. Mas é possível aprender a fazer “networking”. Veja 7 ficas para criar uma boa rede de contatos.

1- Desenvolva a ideia certa
O gerente de operações espaciais da norte-americana United Space Alliance, que presta serviços para a Nasa (agência espacial americana), Keith Chuvala, não gosta do termo “networking”. Para ele, a melhor definição é construir relacionamentos. Pensando dessa forma, ele torna a tarefa mais natural e humana.

2 - Defina objetivos
Os mentores de carreira costumam mencionar a rede de relacionamentos como um caminho-chave para conseguir um novo emprego. Mas essa rede é importante também dentro da companhia. Para levar seus projetos adiante ou avançar com idéias, o profissional pode precisar de aliados ou até mesmo segundas opiniões para questões mais específicas. Para chegar a esse ponto, uma boa estratégia é criar uma lista do que ele almeja alcançar. Isso não só da base para a criação de bons relacionamentos, mas pode também motivar o profissional.

3 – Tire proveito de sua zona de conforto
O chefe de tecnologia da empresa norte-americana de direito Fenwick & West LLP, Matthew Kessner, sente-se à vontade para falar com centenas de pessoas e para socializar-se em grupos pequenos. Mas, curiosamente, acha assustador o meio-termo, como coquetéis. Para melhorar sua rede de relacionamentos, ele aprendeu a tirar o melhor proveito das situações confortáveis.

Conversar com multidões não constrói relacionamentos pessoais, mas ele aproveita a ocasião para falar cara-a-cara depois das apresentações. O profissional deve observar seu próprio comportamento para entender o que funciona mais para ele.

4 – Saiba mapear as oportunidades de relacionamento
Um bom começo pode ser criar uma agenda de compromissos em associações de classe, onde o profissional pode se apresentar e travar conversas. Mas é importante não se limitar a esses eventos. De acordo com um executivo da empresa de recrutamento The PacheraGroup, baseada na Califórnia, é importante sempre ir aos locais onde o profissional será visto e reconhecido.

5 – Maximize as ferramentas de sua rede social
É interessante maximizar conexões de suas redes, como Facebook, LinkedIn, Twitter, Plaxo e CW Connect. Em todos, há grupos que estão ligados aos seus interesses, pessoais e profissionais. Pode ser a porta de entrada para novas oportunidades.

6 – Ofereça algo quando travar contatos
Para o CEO da desenvolvedora de sistemas Precision Quality Software, Andre Gous, é importante acrescentar valor cada vez que estabelecer um novo contato. "Pense sempre: o que posso oferecer?”, afirma. “Nem sempre é confortável para o outro mostrar o que quer", diz.

7 – Comprometa seu tempo
Profissionais introvertidos estão acostumados a deixarem oportunidades de relacionamento passarem. Uma maneira de evitar que isso aconteça é comprometer o tempo e marcar encontros durante cafés da manhã ou almoços. Essa prática, quando incluída na rotina diária de negócios do profissional, torna mais fácil a criação de uma rede de relacionamentos e o desempenho social.

Desmistificando o Conhecimento...

Aquela história que conhecimento deve ficar retido na cabeça das pessoas não se aplica mais na sociedade atual. Essa idéia de que é melhor aquele que consegue reter mais conhecimento é coisa da sociedade passada onde o acesso à informação era restrito a poucos. Logo , aqueles que conseguiam, guardavam à sete chaves com medo de perder seu lugar.

Mas agora, na sociedade atual, na era da informação e do conhecimento, da INTERAÇÃO, onde tudo está a distância de um clique como o Bruno citou em sua palestra, e que qualquer um é capaz de estudar e ler o que quiser, bem sucedido não é mais aquele que consegue reter tal conhecimento e sim quem melhor saber compartilhar e formar sucessores.

Essa, aliás, é uma das grandes premissas para se tornar um Líder bem-sucedido, qualquer bom livro sobre Liderança vai falzer disso: Formar seguidores, formar discipulos de conhecimento. Isso mostra não só que você é uma pessoa que domina tecnicamente aquilo que faz visto que antes de ensinar é preciso que você conheça aquilo que está passando e nao tem medo de perder seu lugar pois sabe que é bom . Além de mostrar que é uma pessoa de enorme caráter que visa o bem coletivo.

Num mercado com tanto gente qualificada mas que ao mesmo tempo precisa tanto de mais mão-de-obra qualificada, onde é notório para todos a deficiência no sistema educacional brasileiro, seria tão bom se essas pessoas pudessem compartilhar um pouco do que sabem. Seria uma boa solução. Bom, mas nem todos pensam assim, enquanto isso o Tecnopeg tenta desmestificar isso e contribuir um pouco para melhorar esse cenário e ajudar cada um que aqui visita a se desenvolver tanto pessoalmente, como profissionalmente.

Energia produzida a partir do bagaço da cana é economicamente viável

A produção de energia elétrica através do bagaço de cana-de-açúcar é plenamente viável do ponto de vista econômico e atrativa para as usinas. A afirmação é do contador Paulo Lucas Dantas Filho, do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP. Para ele, além das vantagens ambientais, cria-se uma terceira fonte de renda bastante significativa para os produtores de açúcar e álcool.

A pesquisa foi feita a partir de um estudo de caso onde foram analisadas quatro usinas de cana-de-açúcar na região de Catanduva, no interior de São Paulo. Segundo o pesquisador, o critério adotado foi que as usinas deviam ser autossustentáveis, ou seja, toda energia consumida por ela devia ser produzida a partir do bagaço de cana. Além disso, o excedente energético produzido deveria estar sendo vendido para a concessionária responsável pela distribuição de energia na região.

Energia do bagaço de cana

O processo de produção de energia elétrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar é totalmente automatizado e inserido dentro da linha de produção das usinas.

Após a planta ser colhida e levada até a usina, ela passa por três moendas. O produto da primeira moagem vai para a produção de açúcar, na chamada "moagem de 1ª linha". Já na segunda e na terceira moagens o que é produzido é o álcool combustível. O que resta da cana é o bagaço, que é levado por uma esteira até a caldeira que realiza a queima. Depois de passar pelas turbinas e geradores, o vapor produzido na queima gera a energia elétrica.

Com relação ao possível dano ambiental causado pela fumaça produzida na queima do bagaço, Dantas afirma que fuligem produzida é retida em filtros. "Não sobra nada da cana, eles aproveitam tudo. A própria fuligem acaba se tornando adubo para plantios futuros", completa.

Viabilidade econômica da energia da cana

Segundo Dantas, a produção de energia elétrica a partir do bagaço de cana possui diversas vantagens econômicas. Para ele a principal vantagem é que esse processo se torna uma terceira fonte de receita das usinas que a utilizam, podendo gerar até uma quarta fonte renda, a emissão de créditos de carbono sob as regras do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), créditos estes comercializáveis em bolsas de valores.

"É um processo natural. Ao gerarem a energia limpa, automaticamente eles estão habilitados para requerem os projetos para certificação de emissão de créditos de carbono. É um caminho natural até", destaca o pesquisador. Como ele mesmo ressalta, porém, não se trata se um processo simples, uma vez que os créditos são emitidos diretamente pela Organização das Nações Unidas (ONU), o que torna a ação algo caro e relativamente demorado, na ordem de 2 a 3 anos.

Por outro lado, ele compreende que o investimento inicial para a produção de energia é bastante alto. Segundo suas pesquisas, giram em torno de R$ 1,4 milhão por Megawatt (MW) produzido. As usinas por ele analisadas, por exemplo, produzem entre 40 e 50 MW.

Dantas esclarece que mesmo assim trata-se de um investimento bastante viável uma vez que o tempo de retorno do capital aplicado está entre 5 e 7 anos. "Os investimentos industriais, por exemplo, são da ordem de 12 a 13 anos para retorno de negócio", comenta o contador. Outra vantagem na implantação deste sistema de produção de energia é a venda do excedente para as concessionárias. Dantas destaca que são contratos de longo prazo, da ordem de 20 anos, o que garante uma fonte de renda muito menos vinculada às oscilações de mercado.

Potencial de energia do bagaço da cana

Dantas explica que há poucas perdas de energia, se comparado com a eletricidade produzida nas grandes usinas. "Como a energia produzida vai para as centrais de distribuição de cidades próximas, há muito menos perda", garante. Além disso, o período de safra da cana, de março a novembro, coincide com as épocas em que a oferta hidrelétrica é normalmente menor, por causa da diminuição das chuvas.

Para o pesquisador, o principal diferencial do aproveitamento do bagaço da cana é a importância ser uma energia renovável que pode contribuir com a redução na emissão de gases que provocam o efeito estufa.

Ele acredita ainda que o potencial de produção de energia deve aumentar nos próximos anos por dois motivos. O primeiro está ligado a evolução tecnológica. Mesmo com um possível aumento de custos o aumento da produtividade compensaria os gastos com investimento. O segundo está na redução das queimadas no momento do corte da cana.

No caso de São Paulo, por exemplo, uma resolução estadual obriga que, até 2017, as queimadas sejam extintas, o que possibilitaria o aproveitamento da palha e da ponta da cana-de-açúcar, perdidas nesse modelo de colheita. "A matéria-prima (bagaço) somada à ponta e à palha tende a aumentar em 30% a capacidade de produção de energia", completa Dantas.

SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Energia produzida a partir do bagaço da cana é economicamente viável. 10/08/2009. Online. Disponível em:

Etanol - Relação Custos X Benefícios por Mauro Kahn



Os biocombustíveis encontram-se hoje no centro da discussão energética global, especialmente o programa brasileiro para a produção de álcool – criticado e defendido com o mesmo fervor por diversos especialistas e integrantes do setor energético. Deste debate, muitas vezes desviado pela desinformação do público, decorre uma série de mitos.

Dentre eles, resolvi selecionar três que julgo essencialmente importantes para levar esta discussão adiante. São eles:


* Mito 1 –
O Brasil poderá ser responsabilizado pelo aumento dos alimentos no mundo.
* Mito 2 -
O álcool é um combustível de extrema eficiência e capaz de substituir o petróleo com o espetacular aumento no preço do barril.

* Mito 3 -
O álcool é um combustível ecológico e o planeta será favorecido por seu uso intensivo.

Analisando o mito 1 – O argumento é exagerado, uma vez que o aumento dos alimentos decorre de uma serie de fatores que independem do Brasil. Por outro lado, é possível afirmar que esta demanda crescente por alimentos não deixa de ser uma ótima oportunidade para que o país venha a se tornar o maior exportador de alimentos do mundo. É possível visualizar o problema quando projetamos o avanço dos canaviais através dos estados do Paraná, Matogrosso, Goiás e Minas Gerais. É certo que o Brasil necessitará de uma organização e controle agrários acima daquele que dispomos hoje para impedir que essa expansão prejudique a pecuária e culturas geradoras de grãos.

Sem dúvida alguma, a plantação da cana-de-açúcar é bastante rentável, apresenta resultados rápidos e demanda investimentos relativamente menores do que outras atividades substitutas. A cana-de-açúcar é - de fato - uma monocultura com expressivas “barreiras de saída”. Por outro lado (ou justamente por isso), torna-se quase inviável o retorno para a atividade anterior. E, destarte, não é recomendável colocarmos todos os nossos os ovos em uma única cesta.

Analisando o mito 2 – Esse é um aspecto raramente colocado em xeque, no entanto de máxima importância. Ao contrário do que pode parecer a princípio, a cana-de-açúcar não produz tanta energia quanto setores interessados parecem sugerir.

Lembremos que um hectare (10 000 m²), caso totalmente plantado, produz em média cerca de 7 000 litros de álcool. Levando em consideração que um carro movido a álcool consome, também em média, cerca de 3 500 litros por ano, pode-se calcular que será necessário meio hectare para abastecê-lo.

A título de exemplo, os jardins do Aterro do Flamengo - no Rio de Janeiro - possuem uma dimensão estimada em 120 hectares. A partir daí, não fica difícil imaginarmos que, se transformássemos a região em um extenso canavial, iríamos atender ao consumo de uma frota com apenas 250 automóveis (aproximadamente).

Observe que, para atendermos ao consumo da frota de automóveis da cidade do Rio de Janeiro - estimada em 2,5 milhões de veículos - seriam necessários cerca de 10 mil Aterros!

Naturalmente, estes dados não excluem o valor do álcool como combustível complementar ao petróleo e ao gás natural. Quem viveu a década de 80, ainda se recorda da ajuda que o álcool nos proporcionou em plena crise do petróleo. Entretanto, cabe ressaltar que, naquela época, nossas reservas petrolíferas eram infinitamente inferiores às atuais, e que o GNV nem sequer era cogitado no Brasil. Hoje, não se pode mais colocar a questão sob a mesma perspectiva e nem o mesmo contexto. Não se pode olhar para trás.

Analisando o mito 3 – Não há qualquer dúvida de que o álcool propriamente dito seja um combustível muito mais limpo do que os derivados do petróleo. No entanto, ao aprofundarmos a questão, este suposto ganho ecológico não se sustenta da mesma maneira.

Em primeiro lugar, o álcool não evita o consumo do óleo diesel, consideravelmente mais poluente do que a gasolina (muito pelo contrário: na realidade, ele indiretamente estimula este consumo, uma vez que o combustível é utilizado no transporte do álcool para os grandes centros). Além disso, não podemos ignorar as queimadas realizadas antes da colheita, outra fonte expressiva de poluentes.

A conclusão a que se chega, após todas as questões expostas, é de que o álcool surge ideal para metrópoles como São Paulo, onde uma frota incrivelmente grande acaba por gerar uma poluição insuportável. Já para uma cidade como Manaus - que por muito tempo poderá contar com as expressivas reservas de petróleo e gás de URUCU - o consumo de álcool não encontra justificativa razoável.

Quem perde e quem ganha com um barril de petróleo rondando os U$ 150,00?



Quando entra em questão quem serão os ganhadores e perdedores com a alta no preço do barril, é natural deduzir que ganharão os produtores e perderão os consumidores. A questão ganha maior profundidade quando constatamos quais são esses países. De um lado, temos EUA, China, Japão e Europa consumindo a maior parte do petróleo mundial
(e vivenciando um declínio preocupante em suas reservas); do outro temos os países do Oriente Médio e a Rússia liderando a produção.

São inúmeras as razões para as cotações estarem tão elevadas, mas a principal é de fato a suposição de que o petróleo faltará a longo prazo devido ao declínio das reservas e ao aumento exagerado do consumo. Programas de eficiência energética na prática inexistem, apenas amplificando o consumo – especialmente em países em desenvolvimento e superpopulosos como China e Índia, onde a renda per capita cresce a cada ano. É importante ressaltar que tal cenário pode se tornar insustentável para países que ainda não tenham alcançado a auto-suficiência em petróleo. Em um hipotético contexto no qual China e Índia tivessem o mesmo número de veículos por habitante que tem o Brasil (note que o parâmetro é relativamente otimista, não estamos tomando como exemplo EUA ou Japão), os gastos seriam o suficiente para criar um rombo nos recursos (sem falar na Economia) do planeta.

Outra hipótese (mais grave) é a de que o petróleo possa faltar a curto prazo - neste caso em decorrência de possíveis conflitos militares (as maiores reservas do mundo estão em áreas de conflito). Imagine como seria se, por exemplo, ocorresse o fechamento do “Estreito de Ormuz”.

Entretanto, quando se cogita a escassez de petróleo a curto prazo, as cotações fogem totalmente ao controle até mesmo da OPEP, podendo vir a ultrapassar até mesmo as previsões mais catastróficas (o que hoje seria a de um preço a US$ 200,00/barril). Foi exatamente por essa razão que uma única (ainda que séria) declaração do ministro dos transportes de Israel em relação ao Irã fez com que as cotações subissem quase US$ 10,00 em um único dia (pois o Irã, afinal, além de importante membro da OPEP, é a segunda maior reserva do mundo e dispõe de uma perigosa influência militar no Golfo Pérsico).

A partir daí, surge a seguinte problemática: apesar de serem aliados de Israel, os EUA teriam um prejuízo infinitamente superior ao de Israel em caso de conflito com o Irã. Entretanto, não podemos desconsiderar que Israel é muito mais vulnerável a um Irã com armamento nuclear do que os EUA.

Para finalizarmos este complicado cenário geopolítico, fazemos o seguinte questionamento: e o “BRIC”, ficaria polarizado (tendo o “BR” do lado dos que tem petróleo - Brasil e Rússia - e o “IC” - Índia e China - do lado dos que não possuem reservas suficientes para atender necessidades espetacularmente crescentes de consumo)?

Hoje imaginamos o "BRIC" como sendo um seleto grupo de paises em franco desenvolvimento econômico. A Índia e, principalmente, a China passaram a crescer em um ritmo muito acelerado. Entretanto, um barril de petróleo a US$ 200 por um longo período comprometerá invariavelmente os planos chineses e indianos, uma vez que ambos são muito dependentes do petróleo e gás estrangeiro (principalmente dos russos) . Neste caso, seria a Rússia quem poderia nos surpreender, com um desenvolvimento econômico bem maior do que o previsto – isso em função das milionárias exportações de seu petróleo e gás (maiores reservas do mundo), que já abastecem a maior parte da Europa.

No caso brasileiro, a meta por ora é a auto-suficiência, o que não é pouca coisa. No entanto, já é possível olhar além. Em um futuro não muito distante, é cada vez mais provável nos tornarmos médios exportadores, principalmente de derivados (já que nosso planejamento estratégico aponta para uma expansão do nosso parque de refino, com a aquisição refinarias estrangeiras em locais estratégicos).

Por Mauro Kahn [clubedopetroleo.com.br]

As Mega Reservas de Santos e o Marco Regulatório Brasileiro



Marilda Rosado de Sá Ribeiro*

Rio, junho de 2008 - A indústria do petróleo demanda grande volume de capital para o seu desenvolvimento. Na busca de um mercado mais competitivo e da própria auto-suficiência, o Brasil abriu suas portas para o capital privado com o advento da Emenda Constitucional nº 9/95, que possibilitou a União contratar com empresas estatais ou privadas as atividades elencadas nos incisos de I a IV do art. 177, da Constituição.
Neste contexto, instituiu-se o marco regulatório a partir da criação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Ao CNPE cumpre a elaboração de políticas públicas e à ANP a regulação do setor, produzindo as regras do setor segundo as políticas do CNPE.
No plano internacional, a atração de investimentos requer a estabilidade e previsibilidade das normas (regulação setorial e políticas públicas). Em determinados casos, a alteração brusca da legislação, que rompe o liame de coerência com as normas já adotadas no setor, representa o que os investidores denominam de risco regulatório. Válido mencionar que esta alteração pode caracterizar, em algumas hipóteses, a expropriação de investimentos já realizados.
A simples descoberta das mega reservas na Bacia de Santos não tem o condão de ensejar a alteração da Lei do Petróleo, no que se refere à alteração do modelo contratual adotado. Neste sentido, a reforma do atual marco regulatório infringirá diversos princípios basilares de nosso ordenamento jurídico, entre eles a segurança jurídica, a boa-fé e a confiança legítima - haveria uma quebra de confiança legítima depositada nas Rodadas de Licitações, já realizadas, para exploração e produção de petróleo e gás no Brasil. E ainda constituirá uma afronta à cooperação internacional quando nos referimos aos compromissos internacionais dos Estados hospedeiros com os investidores internacionais.
A Resolução nº 6/2007, do CNPE que determinou a exclusão de blocos de pré-sal da Nona Rodada já é um indicativo da instabilidade regulatória no setor. Questiona-se a exacerbação dos poderes do CNPE, considerando que cabe à ANP a definição dos blocos a serem licitados, bem como disposto no art. 8º, II, da Lei 9.478/97.

Outra repercussão da referida Resolução diz respeito à denominada cindibilidade do objeto da licitação. Todas as Rodadas realizadas pela ANP revelam o interesse legítimo da Administração Pública de ver uma reserva energética de sua titularidade ser explorada por particulares, com a competente contrapartida de benefícios gerais (sejam os financeiros, sejam os relativos ao planejamento energético do país). Assim, a definição do objeto da licitação se dá em pleno regime de coerência com estes interesses.

A elaboração das regras do edital, estabelecendo a licitação por blocos, revela uma estruturação da licitação, que, em um primeiro momento, embora o objeto do Contrato de Concessão seja a exploração de uma atividade econômica, esta deverá ser exercida em uma determinada área, que será diminuída ao longo do contrato, em razão das naturais devoluções à ANP.

Desta forma, é vedado ao Poder Concedente, em momento posterior, a alteração dos contornos do objeto do edital, seja promovendo a sua reunião, seja promovendo a cisão dos blocos já definidos, pois a aceitação da cisão de um objeto individualizado (bloco, lote ou item) implicaria em cabal desrespeito, sobretudo, ao princípio fundamental da vinculação ao instrumento editalício ou convocatório, que consiste na obrigatória observação das regras traçadas para o procedimento administrativo que acabou por originar o contrato celebrado.

Como sustentamos em parecer recente, a responsabilidade do Estado não se limita aos atos ilícitos. O Estado também pode ser responsabilizado por atos lícitos, se por ventura tais atos trazem prejuízos aos administrados, o que gera em última instância a obrigação de indenizar, ainda que a relação jurídica contratual não se tenha formalizado, persistirá o dever de indenizar pelos danos causados, como no caso dos procedimentos licitatórios, no momento pré-contratual.

Com efeito, a exclusão dos blocos da Nona Rodada bem como a possível alteração da Lei do Petróleo, repercutirão negativamente no mercado internacional quando nos referimos à atração de novos investimentos para o setor de petróleo e gás no Brasil. A presente instabilidade regulatória fere os princípios da segurança jurídica, a boa-fé e a confiança legítima, e ainda compromete a tão-propalada auto-suficiência energética brasileira.
Dra. Marilda Rosado - Professora de Direito Internacional da UERJ, doutora em Direito Internacional pela USP e Sócia do escritório Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados. Este texto contou com a colaboração da advogada Juliana Lima.

Boletim do SBGf - Os Desafios do Pré - Sal

Boletim produzido pela Sociedade Brasileira de Geofísica, abordando como matéria principal "OS DESAFIOS DO PRÉ-SAL", numa óptica da Geologia e Geofísica.



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Boletim do SBGf - Geofísica e Geologia Marinha

"Associada à áreas de engenharia, mineração, e meio ambiente, a comunidade científica busca ampliar seus conhecimentos do subsolo marinho e de suas potencialidades"


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Petróleo Estatal. Adeus Brasil Verde por Alexandre Barros



Paralelamente a todas as discussões a respeito de meio ambiente, aquecimento global, desmatamento, etanol, biomassa, diesel vegetal, Al Gore, ONGs, Raposa Serra do Sol, generais da ativa e da reserva, pré-sal, faltou uma. Ela é a mais importante e pode ser uma boa explicação de por que, dificilmente, teremos carros elétricos ou uso intensivo de energias não baseadas em derivados de petróleo e/ou etanol no Brasil.

Se você, leitor, não adivinhou ainda, a resposta é simples: o governo brasileiro (qualquer que seja ele) é o maior interessado em que não se tenha nenhuma outra fonte de energia eficiente e lucrativa, porque ele é o único produtor de petróleo do Brasil. E a bancada sucroalcooleira é uma das maiores no Congresso Nacional.

A tecnologia e a pesquisa vão a reboque do governo, que tem, via Executivo e Legislativo, interesses constituídos muito poderosos, os quais não fazem a menor questão de que consumamos menos etanol ou petróleo. Ao contrário, quanto mais gastarmos desses combustíveis, mais felizes eles ficarão. Cada vez que usarmos outras energias, eles perderão dinheiro.

Não se iluda, leitor, não pense na Petrobrás perdendo dinheiro, pense no governo perdendo o dinheiro da Petrobrás.

A Petrobrás desconfia que haja muito petróleo abaixo da camada do pré-sal. Especula-se, no mercado, que a reserva se estenda muito mais ao longo do território brasileiro do que o que já foi divulgado até agora (a relação entre o governo dos EUA ter recriado a 4ª Frota no Atlântico Sul e as reservas ao longo da costa brasileira está aberta à sua especulação, leitor, aceito idéias e sugestões).

A Petrobrás é imprivatizável (desculpe, ministro Antonio Magri; obrigado, acadêmico Cândido Mendes) desde o governo Fernando Henrique. As pessoas se iludem achando que o Brasil ganha com a Petrobrás estatal. E tanto a Petrobrás quanto o seu dono, o governo, fazem de tudo para que continuemos a acreditar nisso. Potoca.

Ganham é os funcionários da Petrobrás e o governo, que usa o dinheiro da empresa para pagar muitas extravagâncias e idiossincrasias (não estou falando de atividades corruptas ou ilegais) para as quais ele - governo - não tem dinheiro no Orçamento público, votado pelo Congresso Nacional. Mas consegue fazer com o dinheiro da Petrobrás. Como, de resto, o faz também com o dinheiro do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, do BNDES e, quiçá, de outras empresas estatais menores.

Basta olhar boa parte das campanhas e dos patrocínios a todo tipo de atividades. Lá - na camisa do atleta, nos créditos do filme ou da peça teatral, nos cartazes da exposição - estará o logotipo ou o nome de uma das estatais fazendo política social ou incentivando a cultura, a educação ou o esporte.

Nada contra nenhuma dessas causas, mas isto é apenas para lembrar que, como o governo distribui dinheiro a rodo por intermédio dessas empresas, para iniciativas boas e ruins, mais meritórias e menos meritórias, há uma grande massa de financiados que querem manter a imprivatizabilidade da Petrobrás e de outras estatais, pois vivem do dinheiro delas.

O governo faz cortesia com o nosso chapéu, financiando campanhas que, independentemente do mérito ou demérito de cada uma delas, têm uma coisa em comum: fazem o governo sair melhor na foto (e, de quebra, financia seus amigos).

No caso dos combustíveis alternativos, a situação é mais grave. Existe um movimento mundial para fazer uma faxina no ar que se respira, que passa, em parte, pela redução do consumo de petróleo. Em lugares onde o petróleo não é estatal, governos podem ajudar na faxina incentivando empresas, universidades e pessoas, ou pelo menos não as desincentivando, a buscar e desenvolver combustíveis alternativos.

O preço definido livremente pelo mercado é sempre o melhor incentivador ou desincentivador de atividades. Bastou o petróleo passar de US$ 120 o barril e montadoras desistiram de carros possantes e fecharam fábricas. Empresas de aviação testam combustíveis não derivados de petróleo. A freqüência do metrô de Nova York sobe quase 5% e, lá, os engarrafamentos urbanos se reduzem.

Aqui, o governo tenta comprar a vitória nas eleições municipais segurando o preço dos derivados de petróleo. Já vimos esse filme.

Nada melhor que o mercado. Hoje há, pelo mundo, todo tipo de pessoas e empresas tentando mover engenhos com vento, sol, óleo de fritura usado, estrume, hidrogênio e muitas coisas mais. Onde o petróleo não é estatal, os governos podem ajudar isso a acontecer ou, pelo menos, podem não atrapalhar.

Aqui, como o governo é o maior interessado no lucro do petróleo, a esperança de termos pesquisa significativa em energias alternativas é muito pequena. Não interessa ao governo.

E mais: não duvido que, em sendo descobertas alternativas energéticas em outros países, seja muito possível que o governo brasileiro não permita sua importação ou seu uso no nosso país, por uma razão muito simples: o governo ganha com a poluição.

Bastou o anúncio das reservas do pré-sal para o governo brasileiro entrar num assanhamento sem par. Há gente no governo querendo meter mais fundo a mão nos lucros hipotéticos do petróleo.

A Petrobrás não é suficiente, dizem alguns. Querem uma outra estatal, mais monopolista e mais poderosa, para controlar uma herança cujo valor ainda não se conhece ao certo, mas se acha ser muito grande. Agora brigam governo e Petrobrás. Ela, para não perder poder; ele, para eliminar a Petrobrás dessa perspectiva de se tornar mais poderosa.


Ganhe ela ou ganhe ele, não teremos nada a dizer, porque um monopólio nos tira todo o poder.
Que falta faz um mercado de verdade na energia do Brasil!

Desconstruindo o barril do petróleo por Mauro Kahn

Fonte: Clubedopetróleo.com.br

Na última quinta-feira, dia 03 de julho, o barril de petróleo bateu novo recorde de preço ao marcar US$ 145,00 na cidade de Nova York. Embora impressionante, este aumento não é de forma alguma inexplicável. Neste artigo, procuro elucidar um pouco a questão a partir da decomposição do preço do barril – que já saltou de US$ 30,00 em 2003 para US$144,00 em 2008 – em cada um de seus fatores.

Classifiquei as razões por uma suposta ordem de importância, observada da seguinte maneira:

1. Especulação financeira

2. Desvalorização do Dólar

3. Consumo elevado

4. Questões de geopolítica

5.Queda das reservas

6.Subsídio aos derivados

A primeira questão envolve os investidores, que vêm jogando apostas extremamente altas no mercado. Assim como na bolsa de valores, onde uma ação pode estar cotada por números muito superiores a seu valor patrimonial, no setor do petróleo a cotação do barril também salta com o movimento especulativo. Partindo da opinião consensual de especialistas, podemos projetar que a especulação, por si só, corresponde a cerca de 20% do preço do barril (e a tendência é que este percentual aumente). Sem ela, é provável que a cotação nem mesmo passasse dos US$ 110,00.

Levando em conta que o barril estava fixado em US$ 30,00 no ano de 2003 – e considerando que o dólar se desvalorizou significativamente (somente o Real já valorizou aproximadamente 45% de lá para cá) – o preço de US$ 110,00, sem especulação, cai para algo em torno de US$ 75,00.

A desvalorização do dólar, aliás - especialmente frente ao Euro - é outro fator que pesa bastante sobre o preço do barril. A crise no setor imobiliário americano, somada ao desgaste do governo e da economia americana, consolidou a força da moeda européia e levou investidores a moverem-se em direção a moedas de países emergentes, enfraquecendo ainda mais o dólar.

Em relação à explosão do consumo, impulsionada por países em desenvolvimento como China e Índia, temos um aumento concreto de cerca de 15% (aproximadamente) desde o ano 2000. Refrear esse crescimento é uma medida improvável, embora existam formas de amenizá-lo. A mais evidente, conquanto indesejável, seria o aumento radical no preço dos derivados. Creio que apenas o acaso de uma grande recessão econômica pudesse surtir o mesmo efeito de maneira contundente.

A questão dos conflitos políticos é um aspecto sempre presente e marcante quando se trata de valores relacionados ao petróleo. O mero temor por uma guerra envolvendo países como, por exemplo, o Irã, já é por si só suficiente para criar uma certa instabilidade. O próprio governo americano vem tentando amenizar a questão Irã/Israel, temendo certamente uma escalada ainda maior das cotações. Outra atual medida política americana é a abertura do Iraque para diferentes "players". Tal fato deverá aumentar a produção de petróleo e ajudar a derrubar as cotações, uma vez que o país apresenta o melhor R/P (reservas/produção) do planeta. Em termos de causas imediatas, merece ser citada a crise no Delta do Níger, onde uma plataforma da Shell foi atacada no mês de junho por um grupo separatista.

O declínio de reservas é outro fator que tem desregulado os marcadores econômicos. Recentes e inesperadas quedas nos estoques estratégicos dos EUA causaram um aumento de preço significativo nos últimos meses, e outros problemas de escassez – como o declínio das reservas do Mar do Norte – vem ao longo dos anos colaborando para elevar as cotações. Problemas de ordem natural, como estações frias em excesso ou até mesmo desastres pontuais como furacões, também acarretam em uma larga e imprevisível redução da produção e aumento do consumo.

É importante reforçar que boa parte da pressão exercida sobre o preço do petróleo - tanto pela explosão do consumo quanto através do declínio das reservas - se deve exclusivamente a previsões elaboradas com alta margem de erro. Por estimativa própria, creio que somente estas consistam em quase 10% do aumento na cotação do barril. Uma cautela talvez excessiva, pois não se está levando em consideração preciosas descobertas na América da Sul e na África.

Finalmente, os subsídios aos derivados constituem o fator mais maleável, pois podem ser reduzidos ou até mesmo encerrados em caso de interesse dos governos. Qualquer uma das duas medidas medidas poderia jogar o preço dos derivados para cima - o que desistimularia o consumo - mas por outro lado traria consigo um grande risco de contaminação da economia e potencialização da inflação mundial. Por ora, EUA e China ainda continuam a subsidiar - apesar de reajustes no preço da gasolina de 20% e 17%, respectivamente. Adotando uma postura mais prudente, países europeus (não produtores) vêm ampliando seus reajustes (a Itália, por exemplo, já reajustou em 31%).

Embora as projeções futuras não sejam otimistas (prevê-se um barril a US$ 170,00 em setembro), é importante ressaltar que toda previsão pode e deve ser usada como maneira de interferir e transformar a realidade. Cabe aos governos, economistas e integrantes da Indústria debater, rebater e agir sobre os dados. A reflexão é fundamental e as possibilidades estão em aberto.

O cenário geológico nas Bacias sedimentares do Brasil

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Características das Bacias Petrolíferas Brasileiras

Arquivo PDF com características gerais das bacias do Nordeste e de Campos



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A Inflação dos Alimentos e o Meio Ambiente



Por Mauro Kahn & Pedro Nóbrega

Quando nos deparamos com alguma crise, nossa atenção tende sempre a recair sobre relações de causalidade direta. Ao se falar, por exemplo, na crise da água, é natural que transbordem campanhas apelando para a redução do consumo doméstico. No entanto, ao assumirmos este tipo de abordagem, ignoramos outros hábitos que, postos em números, demonstram-se muito mais prejudiciais. Neste artigo, nos dedicamos a analisar um deles – o alto consumo de recursos naturais para produção de carne bovina – que consiste em um pequeno capricho na nossa dieta, porém um grande impacto em nosso meio ambiente.


Pesquisas apontam para um explosivo aumento per capita no consumo de carne no lugar de vegetais, e estima-se que até 2020 esse aumento seja de mais 50% (em especial graças às adesões de China e Índia aos hábitos alimentícios do Ocidente). Nossa razão para preocupação vai muito além de uma alimentação saudável: engloba os expressivos gastos envolvidos na produção da carne. Ainda permanecendo na questão da água, é suficiente lembrar que, para produzir-se 3 kg de carne bovina, gasta-se tanta água quanto uma pessoa tomando um banho diário (de chuveiro), durante cinco minutos, por um ano.

A partir de estimativas do Conselho Mundial de Água (CMA), para produzirmos um quilo de batata gastamos de 100 a 200 litros de água (lembrando que é possível produzir mais de 23.000 kg por hectare de batata no Brasil). Entretanto, se desejamos carne bovina acompanhando a batata, devemos nos preparar para consumir em média 13.000 litros por quilo (com uma produção em torno de apenas 47 kg de carne equivalente-carcaça/ha). A situação se agrava ao analisarmos a energia gasta através de todo o processo. Fora os gastos com combustível para transportar os grãos que alimentam o gado, é necessário manter em funcionamento tratores, caminhões e equipamentos para preparar o gado até ele chegar em nossas mesas. Ao confrontar estes aspectos, enxergamos com maior nitidez o impacto que o aumento do petróleo causa na inflação dos alimentos.

Outro ponto de interesse para nós é a poluição causada pela criação de gado. Segundo um relatório das Nações Unidas de 2006, o gado é responsável pela emissão de 18% dos gases poluentes. Além disso, a pecuária também apresenta altos índices de esgotamento do solo. Sabe-se, por exemplo, que um terço de todo o território próprio para cultivo dos EUA foi definitivamente perdido por erosão.

A poluição das águas é um caso à parte. Estima-se que a quantidade de resíduos gerados pela agropecuária (durante todos os níveis do processo) supere todas as fontes industriais e municipais combinadas. Segundo a Embrapa, a poluição gerada pelo gado entre os anos 1990 e 1994 praticamente igualou a poluição gerada pelo setor energético.

Embora não seja de maneira alguma a pretensão de nossos argumentos formular uma sociedade vegetariana – seria exagero propor a exclusão da carne de nossa dieta – não é difícil constatar que existe um excesso em nosso consumo, desnecessário e prejudicial para todos: para nossa saúde, nosso meio ambiente e nossa economia. Percebam que com a entrada no mercado de milhões de novos consumidores asiáticos, a situação se desenha de maneira perturbadora.

Se no passado muitas vezes não havia solução senão caçar (quando não era tempo de colheita, etc.) – e mesmo assim nossos ancestrais consumiam muito menos carne (além de não precisarem alimentar sua caça) – hoje temos uma vasta gama de possibilidades de nutrição, consideravelmente mais adequadas para a quantidade de pessoas que habitam o planeta e para os novos bilhões que habitarão em um futuro próximo. A plantação de frutas e vegetais – os quais demandam gastos naturais mínimos e são compostos de um importante valor nutritivo – em larga escala é um exemplo. Outros são a soja, o trigo e assim por diante. Em um mundo sem alimentos, fica a dúvida: é válido gastar 7 quilos de soja para gerar um quilo de carne?


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GOLFO PÉRSICO - OS REIS DO PETRÓLEO

Por Mauro Kahn e Pedro Nobrega



Quando falamos em Golfo Pérsico, se com relação ao petróleo o que temos diante de nós é um verdadeiro império de reservas (cinco das maiores do mundo estão ali), em termos políticos estamos diante de um complexo amálgama de posicionamentos. Enquanto os países árabes mantêm um peculiar alinhamento com os EUA, o Iraque permanece um enigma e o Irã coloca-se em firme oposição à política ocidental. Nesta equação, o único elemento constante é o petróleo, e a possibilidade de equilíbrio entre as partes muito difícil de obter.

É sabido que, desde as primeiras décadas do século passado, os países do Golfo Pérsico já se estabeleciam como grandes produtores. A princípio, o investimento estrangeiro foi recebido com passividade. No entanto, a medida que os Estados se familiarizavam com a produção do petróleo, começavam também a enxergar a possibilidade de lucrar sem a incômoda interferência estrangeira. E neste momento os conflitos tornaram-se inevitáveis.

Além das primeiras crises do petróleo, o movimento de criação da OPEP (Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kwait, Emirados Árabes e Catar pertencem ao grupo) e o endurecimento dos governos regionais foram os desencadeadores da situação geopolítica que perdura até hoje (com momentos de maior e menor tensão). A primeira ação de grande impacto da OPEP foi aquela que desencadeou a segunda crise do petróleo, quando – devido ao apoio americano à Israel na Guerra do Yom Kippur – os países-membros da organização decidiram aumentar em 300% o preço do petróleo. Em 1979, a Revolução Iraniana (que derrubou o Xá Reza Pahlevi, maior aliado americano) sedimentou de vez os caminhos para o anti-americanismo na região, o qual existe até mesmo dentro de países aliados (vale lembrar que Bin Laden é saudita).

Como já foi dito anteriormente, o Golfo Pérsico conta com uma boa parte das reservas do mundo, o que torna impossível um imediato desligamento dos consumidores em relação à região. Novas alternativas – como o Canadá, o Brasil e o Mar Cáspio – parecem boas, mas ainda devem ser desenvolvidas e sempre com um custo de produção bem mais elevado do que no Oriente Médio. Isso sem contar com as reservas ainda não descobertas: apenas no Iraque, projetam-se 100 bilhões de barris em reservas ocultas. Dentro do Golfo Pérsico em si também é bastante provável que exista um bom número de reservas, embora a exploração atual não seja muito intensa (graças à grande quantidade de petróleo em terra). Deduzimos esta afirmativa por puro bom senso: uma vez que há tantas reservas provadas no Mar Cáspio, é natural que existam também em águas tão próximas. A situação do Golfo Pérsico é paralela à dos campos de Baku e Grozny no início do século XX (grandes reservatórios em terra, bem próximos ao mar). Outro facilitador da região é a rasa profundidade: o Golfo Pérsico apresenta uma lâmina d'água sempre inferior a 100 m (a média é de 50m, contra 184m do Mar Cáspio).

Nos últimos tempos, a tensão no Iraque parece estar diminuindo, o que pode proporcionar um largo aumento na produção do país e torná-lo um ponto chave para os interesses ocidentais. O Iraque, além de fantásticas reservas (melhor R/P do mundo), possui um posicionamento geográfico bastante estratégico. De um lado está a Turquia, país com o qual os EUA estão firmando diversos acordos para construção de dutos que permitirão o transporte do petróleo até o Mar Mediterrâneo (os americanos pretendem ainda construir dutos na Arábia Saudita, objetivando escoar o petróleo árabe até o Mar Vermelho). Do outro lado está o Irã, país a partir do qual há muitos anos vem surgindo os maiores problemas da região.

É fundamental para o governo do Iraque também chegar a um entendimento com o governo do Kwait para que seja desenvolvido o potencial iraquiano, pois as condições de escoamento através do Golfo Pérsico são limitadas para o país: o Iraque conta apenas com o delta do rio Shatt Al Arab para a exportação de seu petróleo por via marítima (a situação é problemática porque uma das margens do rio pertence ao Irã). Importante lembrar que esta dificuldade logística já foi no passado uma das motivações do Iraque para invadir o Kwait, o qual muitos iraquianos sempre viram como uma extensão natural de seu território.


Por mais que a instabilidade seja uma marca até mesmo dentre aliados dos EUA, como a Arábia Saudita, é o Irã que de fato gera a maior parte do mal estar global em relação à região do Golfo Pérsico. Para “agravar” a posição do Ocidente, o país parece deter a chave de todas as portas. De um lado, mantém relações amigáveis com a Turquia, o que lhe permite um acesso ao mercado europeu; de outro, está posicionado entre o Mar Cáspio e o Golfo Pérsico, com bilhões de reservas a serem exploradas em ambos os mares; por outro ainda, o país é aliado do Turcomenistão, uma possível rota para a China; e por final, o país exerce controle sobre o Estreito de Ormuz, onde passa a maior parte do petróleo que deixa o Golfo Pérsico por mar.


Um dos maiores temores, tanto dos produtores da região quanto dos consumidores do Ocidente, é que o Irã venha a fechar ou sabotar o Estreito de Ormuz, o que levaria a um prejuízo inestimável. Para Teerã, bastaria bloquear todo o estreito com navios e pequenas embarcações (em sinal de protesto, por exemplo) para atrapalhar a navegação dos petroleiros e causar saltos elevados na cotação do barril de petróleo.


Estando em jogo tanta riqueza, a aposta de risco em uma região como o Golfo Pérsico leva os investidores a se dependurarem sobre a velha questão: produzir barato ou comercializar em paz? Afinal, até que ponto é possível conciliar os dois?

Os produtores africanos e seu melhor cliente

Por Mauro Kahn & Pedro Nobrega

A Indústria do Petróleo africana, que figura a cada dia mais importante geopoliticamente, caminha hoje entre o tênue fio que separa o potencial desenvolvimento de um país da submissão econômica. Seus produtores mais significativos são Líbia e Argélia (países do norte africano) e Nigéria e Angola (situados na costa oeste da África Subsaariana).

Altamente dependentes do petróleo, esses quatro produtores africanos respondem por estimadamente 9% da produção mundial, com uma produção diária de 8 milhões de barris. No que se refere às reservas, os quatro representam cerca de 8% das reservas mundiais, uma vez que estas totalizam 100 bilhões de barris. Dos quatro, somente Angola possui um R/P baixo. No quesito “consumo”, o quadro muda, pois quase todo o petróleo é para exportação. O consumo diário dos quatro produtores não totaliza sequer 1 milhão de barris/dia ( 876 mil por dia) – ou seja, cerca de 10% de sua produção. Entretanto, cabe ressaltar que este quadro poderá se modificar através das mudanças que certamente virão com as novas perspectivas econômicas e políticas.

Os caminhos de saída do continente africano favorecem os principais produtores. Enquanto Líbia e Argélia se beneficiam do Mar Mediterrâneo para atingir o mercado europeu, Nigéria e Angola têm à sua disposição o Oceano Atlântico, o qual lhes possibilita exportar com tranqüilidade também para as Américas (em 2007, as exportações de Angola para o Brasil praticamente duplicaram graças ao petróleo). O Egito, apesar de possuir reservas bem mais modestas, é largamente compensado por seu potencial logístico. Seu grande trunfo é o Canal de Suez, principal passagem africana para o mercado asiático. O canal detém tanto valor que chegou a ser o estopim para a segunda crise do petróleo (quando, em 1956, Gamal Nasser decidiu nacionalizar o Canal de Suez).

A situação dos dois principais “pares” de produtores é bastante distinta. Enquanto Líbia e Argélia estão posicionados entre os melhores IDHs do continente, Nigéria e Angola apresentam níveis baixos e sofrem com sérios conflitos internos (Angola vive em estado de paz nos últimos anos, o que torna as previsões mais otimistas). O único fio que realmente une estes países é a forte competição econômica envolvendo China e EUA, ambos investidores pesados do continente (a Índia, outro país em desenvolvimento, também investe, no entanto de maneira menos expressiva).

Dependendo das circunstâncias, esta competição pode ser saudável para a África. Na Líbia, país onde o nível de pobreza é baixo em comparação a países vizinhos, a força do Estado e a relativa consistência da economia impedem que os fortes investimentos americanos (e agora chineses) coloquem o país sob jugo estrangeiro e ao mesmo tempo garantem que os contratos internacionais sejam cumpridos. Na Argélia, onde a China ainda tem dificuldades para penetrar, a situação é semelhante, ainda que os EUA tenham bases militares instaladas no país.

Para os países subsaarianos, a situação é mais complexa. A Nigéria é um exemplo bastante ilustrativo: envolvida em conflitos internos, marcada pela pobreza e pela fragilidade da economia nacional, pode vir a tornar-se um alvo fácil para o domínio estrangeiro. Por ora, tanto a Nigéria quanto outros países subsaarianos vêm aproximando-se da China, aproveitando-se da postura chinesa de auxiliar na reconstrução do continente (ao mesmo tempo em que ocupa seu espaço no mercado africano). Em 2004, o crescimento do comércio entre China e África foi de impressionantes 50%, o que prova não ser por acaso a recente decisão dos chineses de injetar dois bilhões de dólares em Angola para a construção de infraestrutura offshore.

Apesar da expressiva produção, o consumo de petróleo dos países africanos é quase insignificante. Há poucas refinarias na África e a distribuição de combustíveis é limitada. Tomemos como exemplo a indústria automobilística: somando os quatro maiores produtores (Líbia, Argélia, Nigéria e Angola), não chegamos nem a quatro milhões de automóveis; com o mesmo número de habitantes (192 milhões de habitantes), a frota do Brasil é de quase 50 milhões de veículos.

É importante lembrar que a China, que tanto ambiciona o petróleo africano para atender sua demanda crescente (contribuindo para uma preocupante disparada nas cotações), também olha com atenção para o mercado consumidor africano. A China investe pesadamente em sua Indústria Automobilística e – com seus preços “tradicionalmente” baixos – poderá, em um futuro não muito distante, revolucionar a frota de automóveis africana. Isso sem contar com os investimentos destinados ao downstream, a ampliação da malha rodoviária, a geração de empregos e o aumento de renda (ou seja, tudo que é necessário para estimular o aumento da frota e, conseqüentemente, do consumo de derivados).

O aumento da frota mundial de veículos tende a crescer, e esta é apenas uma das ramificações de mercado a serem exploradas a partir do petróleo africano. Uma tendência que se pode apontar a partir da questão africana é a manutenção das elevadas cotações do petróleo. Esta tendência poderia ser freada se a produção mundial e o descobrimento de novas reservas viessem a aumentar consideravelmente, mas essas são situações que não dependem somente de questões técnicas e objetivas. Tudo dependerá de fato da geopolítica intercontinental, a cada dia mais complexa.

Exploração e Produção no Hemisfério Norte

Por Mauro Kahn e Pedro Nóbrega 
(www.clubedopetróleo.com.br)

Em 1956, o geólogo da Shell M. King Hubbert previu durante uma conferência o auge e posterior declínio das reservas americanas a partir do final dos anos 60 e início dos anos 70. Com o passar das décadas, sua teoria comprovou-se na prática e os EUA passaram a temer o fim de suas reservas. Hubbert, no entanto, desconhecia o petróleo do Alasca, estado que hoje é a grande promessa dos EUA em termos de reservas. Embora a quantidade precisa de barris a serem explorados na região seja nebulosa e pouco divulgada por órgãos americanos, é provável que seja o suficiente para manter o nível de produção do país por mais algum bom tempo (os americanos permanecem como os terceiros maiores produtores do mundo). Apenas na National Petroleum Reserve a estimativa é de mais de 10 bilhões de barris.

No entanto, alguns obstáculos para que esse petróleo passe de fato a assumir um papel de destaque na produção nacional colocam-se no caminho. O principal deles diz respeito a questões ambientais. Cercada por reservas, a região já sofreu com o grave derramamento da Exxon Valdez em 1989 (até hoje considerado um dos mais traumáticos da História) e com mais um derramamento em 2006 (de menores proporções, mas suficiente para despertar a atenção dos órgãos de proteção ambiental). A pressão vem sendo muito forte por parte dos ambientalistas e – ainda que não impeçam o avanço nos projetos de coligação entre os dutos do Alasca e do Canadá – fazem com que investidores e políticos re-avaliem os benefícios de seguir por este caminho.

A pressão recai especialmente sobre os republicanos, acusados de querer aumentar a produção americana a qualquer custo. A escolha da governadora do Alasca Sarah Palin para integrar a chapa de John McCain é um indício das intenções republicanas, embora o atual governo esteja optando por investir no Golfo do México e fortalecer relações com o Canadá. Uma alternativa capitaneada pelos democratas para atenuar a demanda americana concerne o investimento em bioenergia. Por outro lado, apesar da capacidade americana de produzir o etanol a partir do milho, a quantidade de grãos necessária para produzir combustível de qualidade satisfatória é alta, o que leva a um aumento de preços preocupante para os criadores de gado e ativa os protestos de quem clama ser absurdo plantar energia no lugar de comida.

O Canadá vive uma situação semelhante ao Alasca em relação à questão ambiental. Extraído do arenito betuminoso, o mais promissor petróleo canadense (com reservas estimadas em 175 bilhões de barris) produz pelo menos cinco vezes mais dióxido de carbono, dentre outros danos relacionados ao ar, ao solo, às florestas e à água (a organização não-governamental Greenpeace posiciona-se como um dos mais ferrenhos adversários deste método de produção do petróleo). O gasto com gás natural também é extremamente alto; vale lembrar que os dispêndios atuais seriam o suficiente para alimentar 3,2 milhões de casas (isto se formos nos basear em dados atuais, desconsiderando o futuro aumento de produção).

Outra dificuldade para a extração do petróleo canadense é o custo de produção (o arenito betuminoso é mais caro de refinar e o aproveitamento do material bruto costuma ser menor). Durante muito tempo, devido à falta de tecnologia apropriada, a produção foi barrada por não gerar lucro. Mesmo hoje – quando o custo de extração baixou consideravelmente e o índice de recuperação saltou de 10% para 25% - existe a preocupação com a queda no preço do barril e com os altos investimentos necessários para habilitar uma infraestrutura capaz de suportar a produção em larga escala. O projeto canadense é produzir 4.8 milhões de barris/dia em 2020, o que lhes colocaria entre os 5 maiores produtores de petróleo do mundo.

Logisticamente, o Canadá não tem do que reclamar. Próximo de seu principal consumidor, os EUA, o país pode exportar facilmente seu petróleo através do Atlântico para a União Européia e, em um futuro próximo, poderá também transportá-lo até a China (falta ainda uma rede de dutos que leve o petróleo até o Pacífico). Hoje uma das principais discussões que envolvem o petróleo canadense é exatamente acerca do destino desse petróleo: enquanto alguns defendem que o Canadá se torne um exportador praticamente exclusivo dos EUA, apoiando-se na longa e fértil relação entre ambos os países, outros enxergam nas “areias oleosas” uma oportunidade de reforçar a independência econômica do Estado em relação aos vizinhos.

Como podemos constatar, o problema do petróleo no Hemisfério Norte – ao contrário da maior parte dos produtores – já não é a disputa com vizinhos ou as dificuldades de transporte (embora tais questões sempre existam). Daqui a algum tempo, com novos avanços tecnológicos, talvez nem mesmo a infraestrutura seja mais tão cara. E então o problema continuará sendo, acima de tudo, a responsabilidade internacional de dois países de primeiro mundo em buscar soluções para atender às suas necessidades e interesses, sempre de grande dimensão, sem causar um grande prejuízo ao planeta.

China: como será possível alimentar este gigante?

Por Mauro Kahn & Pedro Nobrega do Clube do Petróleo

No atual panorama mundial, falar em transformação e crescimento é falar da China. O país, com muito mais de um bilhão de habitantes, é um exemplo único de progresso na história, um país que caminha rumo ao topo do cenário geopolítico com uma velocidade surpreendente e aparentemente incontrolável. No entanto, é importante lembrar que toda evolução carrega consigo um custo, e o custo chinês é diretamente proporcional ao tamanho espetacular de seu desenvolvimento. Os sintomas já podem ser observados: falta de água potável para parte da população, poluição atmosférica, demanda energética, espaço cada vez mais limitado para a agropecuária (esgotamento do solo e crescimento das cidades), entre outros. Enquanto o mundo observa com expectativa o fenômeno chinês, o governo  (em conjunto com diversas empresas multinacionais) vem tomando atitudes para equilibrar esta situação e impedir uma possível desorganização do país, que poderia até implodir caso continuasse no atual estado de desequilíbrio dos seus recursos naturais.

No caso dos recursos hídricos, o problema é sério por diversos fatores. Em primeiro lugar, a demanda é naturalmente muito alta: a China detêm 7% da água do planeta e mais de 20% da população. Esta não seria uma proporção tão grave se 75% dos seus rios não estivessem poluídos e se o país não contasse com um sistema pouco eficiente de distribuição. Para solucionar o problema, o governo conta especialmente com a otimização desta distribuição e com o tratamento da água poluída, prevendo para isto um orçamento estimado em 125 bilhões de dólares. Somado a isso, o governo ainda deve conviver com a vontade separatista do Tibet, região com reconhecido potencial hídrico.
Importante lembrar que esta questão afeta ainda países vizinhos da China,  que por si só já sofrem com graves problemas no setor hídrico. O Cazaquistão, por exemplo, além de ver sua água reduzida pelo mau uso e pela poluição, ainda assiste aos chineses desviarem parte das águas de rios comuns aos dois países, que assim chegam ao seu território bem menos caudalosos. A China talvez fizesse o mesmo com o rio Brahmaputra, que atravessa também a Índia e Bangladesh (países onde menos da metade de sua "superpopulação" consegue ter acesso à água potável com regularidade). Acreditamos que, neste caso, seja a força política do governo indiano que ainda não permitiu a interferência neste importante rio.
A água também consiste em um sério problema para a agricultura. Embora a China conte com um bom número de terras aráveis, não dispõe de água suficiente para investir em todas estas terras. Um pouco por esta razão e um tanto por necessidade, o governo chinês acaba por estimular o estabelecimento de novas cidades em regiões próprias para o cultivo e a pecuária.
Em outro nível de necessidade, a China também sofre com a demanda energética. Em 20 anos, o consumo de petróleo já passou de 2 milhões para mais de 7 milhões de barris por dia, tornando o país o segundo maior consumidor do mundo (atrás somente dos EUA). A produção, em contrapartida, subiu apenas 500 mil barris por dia, com um grande declínio nas suas reservas de petróleo. O país optou por investir pesado no downstream; a maior parte das suas refinarias passa por reformas ou estão sendo completamente trocadas por outras maiores e mais sofisticadas. Um problema antigo da China é a dificuldade para refinar o óleo pesado, o que em breve deve ser superado (representando no futuro uma excelente oportunidade para o Brasil, o qual poderá se tornar um importante exportador de petróleo). Hoje um projeto de 5 bilhões de dólares envolve a construção de uma refinaria chinesa em Guangzhou e que será capaz de refinar 300.000 barris por dia.
Muito mais abundante para os chineses do que o petróleo é o carvão, um recurso do qual a China é, disparada, a maior consumidora (mais de 2 bilhões de toneladas contra 23 milhões do Brasil). O carvão representa cerca de 70% do consumo energético do país e a China apresenta reservas estimadas em mais de 125 bilhões. Com o ritmo de consumo tendendo a crescer ainda mais, o R/P (reserva/produção) do país pode não durar mais do que 50 anos.
Como a pressão ambiental vem crescendo ao mesmo tempo em que as reservas de carvão apontam para esse esgotamento em meio século, a atitude do governo chinês tem sido a de buscar fontes alternativas e, simultaneamente, declarar seu apoio ao projeto de redução de emissões do carbono. O que não se sabe é o quanto o meio ambiente do planeta e a própria China poderão suportar até que o país consiga se desvencilhar desta dependência em relação ao carvão.
A poluição e o caos urbano podem ser bastante agravados com uma tendência que vem há anos se mostrando perigosa. Segundo dados recentes, de 1995 a 2005 a frota de bicicletas na China caiu de 670 milhões para 435 milhões, enfrentando o significativo aumento no número de carros privados (4,2 milhões para 8,9 milhões). Se esta tendência se confirmar – o que parece inevitável com o aumento da renda per capita e com a ocidentalização dos costumes chineses – o aumento no consumo de derivados do petróleo será muito alto e as cidades deverão ser todas completamente replanejadas. Com o custo barato dos carros chineses, é provável que em breve o mercado estrangeiro também se torne um excelente alvo para uma "super-eficiente" indústria automobilística chinesa 
A maior preocupação gerada pelo aumento da frota de carros chinesa é evidentemente causada pela mega população do país. Esta superpopulação leva o governo a agir de maneira discricionária para manter uma baixa taxa de natalidade. O que sustenta este tipo de postura é o medo de que a situação siga, por exemplo, as vias indianas (onde, por razões religiosas, o governo relaxa no controle familiar e depois tem de lidar com problemas crescentes, como o acumulo de lixo, a água poluída e outras complicações resultantes da pobreza). 
Uma das maneiras através das quais os chineses vem buscando suprir suas necessidades é procurar soluções dentro do próprio continente. Na Ásia Central encontra-se o já citado Cazaquistão, cujo potencial acesso ao petróleo do Mar Cáspio e as boas reservas de gás natural podem ser fundamentais para os planos chineses. Nessa união interpõe-se dois problemas: em primeiro lugar, os problemas internos que a China enfrenta com os separatistas mulçumanos em suas províncias do noroeste; em segundo lugar, a situação política do próprio Cazaquistão, dividido entre a influência russa e o brilho do mercado consumidor chinês.  Fora do continente, a China também nutre expectativas em relação aos países africanos, importando petróleo de países como Angola e Sudão e investindo na agricultura em fazendas de Uganda e Camarões.
Embora as dificuldades se apresentem em uma escala preocupante, a verdade é que o futuro permanece ainda em meio a um nebuloso cenário. Para nós, não há dúvidas de que os chineses terão, como sempre, uma enorme disposição para corrigir os seus problemas. O que não podemos prever é se eles serão tão eficazes a ponto de evitar que estes problemas venham a comprometer seu vertiginoso crescimento econômico.


Mauro Kahn & Pedro Nobrega - Clube do Petróleo -  Leia outros artigos e os primeiros desta série acessando o site www.clubedopetroleo.com.br