Características das Bacias Petrolíferas Brasileiras
by Carlos Guedes | 23:58 in Artigos, Petróleo | comentários (0)
A Inflação dos Alimentos e o Meio Ambiente
Por Mauro Kahn & Pedro Nóbrega
Quando nos deparamos com alguma crise, nossa atenção tende sempre a recair sobre relações de causalidade direta. Ao se falar, por exemplo, na crise da água, é natural que transbordem campanhas apelando para a redução do consumo doméstico. No entanto, ao assumirmos este tipo de abordagem, ignoramos outros hábitos que, postos em números, demonstram-se muito mais prejudiciais. Neste artigo, nos dedicamos a analisar um deles – o alto consumo de recursos naturais para produção de carne bovina – que consiste em um pequeno capricho na nossa dieta, porém um grande impacto em nosso meio ambiente.
Quando nos deparamos com alguma crise, nossa atenção tende sempre a recair sobre relações de causalidade direta. Ao se falar, por exemplo, na crise da água, é natural que transbordem campanhas apelando para a redução do consumo doméstico. No entanto, ao assumirmos este tipo de abordagem, ignoramos outros hábitos que, postos em números, demonstram-se muito mais prejudiciais. Neste artigo, nos dedicamos a analisar um deles – o alto consumo de recursos naturais para produção de carne bovina – que consiste em um pequeno capricho na nossa dieta, porém um grande impacto em nosso meio ambiente.
Pesquisas apontam para um explosivo aumento per capita no consumo de carne no lugar de vegetais, e estima-se que até 2020 esse aumento seja de mais 50% (em especial graças às adesões de China e Índia aos hábitos alimentícios do Ocidente). Nossa razão para preocupação vai muito além de uma alimentação saudável: engloba os expressivos gastos envolvidos na produção da carne. Ainda permanecendo na questão da água, é suficiente lembrar que, para produzir-se 3 kg de carne bovina, gasta-se tanta água quanto uma pessoa tomando um banho diário (de chuveiro), durante cinco minutos, por um ano.
A partir de estimativas do Conselho Mundial de Água (CMA), para produzirmos um quilo de batata gastamos de 100 a 200 litros de água (lembrando que é possível produzir mais de 23.000 kg por hectare de batata no Brasil). Entretanto, se desejamos carne bovina acompanhando a batata, devemos nos preparar para consumir em média 13.000 litros por quilo (com uma produção em torno de apenas 47 kg de carne equivalente-carcaça/ha). A situação se agrava ao analisarmos a energia gasta através de todo o processo. Fora os gastos com combustível para transportar os grãos que alimentam o gado, é necessário manter em funcionamento tratores, caminhões e equipamentos para preparar o gado até ele chegar em nossas mesas. Ao confrontar estes aspectos, enxergamos com maior nitidez o impacto que o aumento do petróleo causa na inflação dos alimentos.
Outro ponto de interesse para nós é a poluição causada pela criação de gado. Segundo um relatório das Nações Unidas de 2006, o gado é responsável pela emissão de 18% dos gases poluentes. Além disso, a pecuária também apresenta altos índices de esgotamento do solo. Sabe-se, por exemplo, que um terço de todo o território próprio para cultivo dos EUA foi definitivamente perdido por erosão.
A poluição das águas é um caso à parte. Estima-se que a quantidade de resíduos gerados pela agropecuária (durante todos os níveis do processo) supere todas as fontes industriais e municipais combinadas. Segundo a Embrapa, a poluição gerada pelo gado entre os anos 1990 e 1994 praticamente igualou a poluição gerada pelo setor energético.
Embora não seja de maneira alguma a pretensão de nossos argumentos formular uma sociedade vegetariana – seria exagero propor a exclusão da carne de nossa dieta – não é difícil constatar que existe um excesso em nosso consumo, desnecessário e prejudicial para todos: para nossa saúde, nosso meio ambiente e nossa economia. Percebam que com a entrada no mercado de milhões de novos consumidores asiáticos, a situação se desenha de maneira perturbadora.
Se no passado muitas vezes não havia solução senão caçar (quando não era tempo de colheita, etc.) – e mesmo assim nossos ancestrais consumiam muito menos carne (além de não precisarem alimentar sua caça) – hoje temos uma vasta gama de possibilidades de nutrição, consideravelmente mais adequadas para a quantidade de pessoas que habitam o planeta e para os novos bilhões que habitarão em um futuro próximo. A plantação de frutas e vegetais – os quais demandam gastos naturais mínimos e são compostos de um importante valor nutritivo – em larga escala é um exemplo. Outros são a soja, o trigo e assim por diante. Em um mundo sem alimentos, fica a dúvida: é válido gastar 7 quilos de soja para gerar um quilo de carne?
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GOLFO PÉRSICO - OS REIS DO PETRÓLEO
Por Mauro Kahn e Pedro Nobrega
Quando falamos em Golfo Pérsico, se com relação ao petróleo o que temos diante de nós é um verdadeiro império de reservas (cinco das maiores do mundo estão ali), em termos políticos estamos diante de um complexo amálgama de posicionamentos. Enquanto os países árabes mantêm um peculiar alinhamento com os EUA, o Iraque permanece um enigma e o Irã coloca-se em firme oposição à política ocidental. Nesta equação, o único elemento constante é o petróleo, e a possibilidade de equilíbrio entre as partes muito difícil de obter.
É sabido que, desde as primeiras décadas do século passado, os países do Golfo Pérsico já se estabeleciam como grandes produtores. A princípio, o investimento estrangeiro foi recebido com passividade. No entanto, a medida que os Estados se familiarizavam com a produção do petróleo, começavam também a enxergar a possibilidade de lucrar sem a incômoda interferência estrangeira. E neste momento os conflitos tornaram-se inevitáveis.
Além das primeiras crises do petróleo, o movimento de criação da OPEP (Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kwait, Emirados Árabes e Catar pertencem ao grupo) e o endurecimento dos governos regionais foram os desencadeadores da situação geopolítica que perdura até hoje (com momentos de maior e menor tensão). A primeira ação de grande impacto da OPEP foi aquela que desencadeou a segunda crise do petróleo, quando – devido ao apoio americano à Israel na Guerra do Yom Kippur – os países-membros da organização decidiram aumentar em 300% o preço do petróleo. Em 1979, a Revolução Iraniana (que derrubou o Xá Reza Pahlevi, maior aliado americano) sedimentou de vez os caminhos para o anti-americanismo na região, o qual existe até mesmo dentro de países aliados (vale lembrar que Bin Laden é saudita).
Como já foi dito anteriormente, o Golfo Pérsico conta com uma boa parte das reservas do mundo, o que torna impossível um imediato desligamento dos consumidores em relação à região. Novas alternativas – como o Canadá, o Brasil e o Mar Cáspio – parecem boas, mas ainda devem ser desenvolvidas e sempre com um custo de produção bem mais elevado do que no Oriente Médio. Isso sem contar com as reservas ainda não descobertas: apenas no Iraque, projetam-se 100 bilhões de barris em reservas ocultas. Dentro do Golfo Pérsico em si também é bastante provável que exista um bom número de reservas, embora a exploração atual não seja muito intensa (graças à grande quantidade de petróleo em terra). Deduzimos esta afirmativa por puro bom senso: uma vez que há tantas reservas provadas no Mar Cáspio, é natural que existam também em águas tão próximas. A situação do Golfo Pérsico é paralela à dos campos de Baku e Grozny no início do século XX (grandes reservatórios em terra, bem próximos ao mar). Outro facilitador da região é a rasa profundidade: o Golfo Pérsico apresenta uma lâmina d'água sempre inferior a 100 m (a média é de 50m, contra 184m do Mar Cáspio).
Nos últimos tempos, a tensão no Iraque parece estar diminuindo, o que pode proporcionar um largo aumento na produção do país e torná-lo um ponto chave para os interesses ocidentais. O Iraque, além de fantásticas reservas (melhor R/P do mundo), possui um posicionamento geográfico bastante estratégico. De um lado está a Turquia, país com o qual os EUA estão firmando diversos acordos para construção de dutos que permitirão o transporte do petróleo até o Mar Mediterrâneo (os americanos pretendem ainda construir dutos na Arábia Saudita, objetivando escoar o petróleo árabe até o Mar Vermelho). Do outro lado está o Irã, país a partir do qual há muitos anos vem surgindo os maiores problemas da região.
É fundamental para o governo do Iraque também chegar a um entendimento com o governo do Kwait para que seja desenvolvido o potencial iraquiano, pois as condições de escoamento através do Golfo Pérsico são limitadas para o país: o Iraque conta apenas com o delta do rio Shatt Al Arab para a exportação de seu petróleo por via marítima (a situação é problemática porque uma das margens do rio pertence ao Irã). Importante lembrar que esta dificuldade logística já foi no passado uma das motivações do Iraque para invadir o Kwait, o qual muitos iraquianos sempre viram como uma extensão natural de seu território.
Por mais que a instabilidade seja uma marca até mesmo dentre aliados dos EUA, como a Arábia Saudita, é o Irã que de fato gera a maior parte do mal estar global em relação à região do Golfo Pérsico. Para “agravar” a posição do Ocidente, o país parece deter a chave de todas as portas. De um lado, mantém relações amigáveis com a Turquia, o que lhe permite um acesso ao mercado europeu; de outro, está posicionado entre o Mar Cáspio e o Golfo Pérsico, com bilhões de reservas a serem exploradas em ambos os mares; por outro ainda, o país é aliado do Turcomenistão, uma possível rota para a China; e por final, o país exerce controle sobre o Estreito de Ormuz, onde passa a maior parte do petróleo que deixa o Golfo Pérsico por mar.
Um dos maiores temores, tanto dos produtores da região quanto dos consumidores do Ocidente, é que o Irã venha a fechar ou sabotar o Estreito de Ormuz, o que levaria a um prejuízo inestimável. Para Teerã, bastaria bloquear todo o estreito com navios e pequenas embarcações (em sinal de protesto, por exemplo) para atrapalhar a navegação dos petroleiros e causar saltos elevados na cotação do barril de petróleo.
Estando em jogo tanta riqueza, a aposta de risco em uma região como o Golfo Pérsico leva os investidores a se dependurarem sobre a velha questão: produzir barato ou comercializar em paz? Afinal, até que ponto é possível conciliar os dois?
Os produtores africanos e seu melhor cliente
Por Mauro Kahn & Pedro Nobrega
A Indústria do Petróleo africana, que figura a cada dia mais importante geopoliticamente, caminha hoje entre o tênue fio que separa o potencial desenvolvimento de um país da submissão econômica. Seus produtores mais significativos são Líbia e Argélia (países do norte africano) e Nigéria e Angola (situados na costa oeste da África Subsaariana).
Altamente dependentes do petróleo, esses quatro produtores africanos respondem por estimadamente 9% da produção mundial, com uma produção diária de 8 milhões de barris. No que se refere às reservas, os quatro representam cerca de 8% das reservas mundiais, uma vez que estas totalizam 100 bilhões de barris. Dos quatro, somente Angola possui um R/P baixo. No quesito “consumo”, o quadro muda, pois quase todo o petróleo é para exportação. O consumo diário dos quatro produtores não totaliza sequer 1 milhão de barris/dia ( 876 mil por dia) – ou seja, cerca de 10% de sua produção. Entretanto, cabe ressaltar que este quadro poderá se modificar através das mudanças que certamente virão com as novas perspectivas econômicas e políticas.
Os caminhos de saída do continente africano favorecem os principais produtores. Enquanto Líbia e Argélia se beneficiam do Mar Mediterrâneo para atingir o mercado europeu, Nigéria e Angola têm à sua disposição o Oceano Atlântico, o qual lhes possibilita exportar com tranqüilidade também para as Américas (em 2007, as exportações de Angola para o Brasil praticamente duplicaram graças ao petróleo). O Egito, apesar de possuir reservas bem mais modestas, é largamente compensado por seu potencial logístico. Seu grande trunfo é o Canal de Suez, principal passagem africana para o mercado asiático. O canal detém tanto valor que chegou a ser o estopim para a segunda crise do petróleo (quando, em 1956, Gamal Nasser decidiu nacionalizar o Canal de Suez).
A situação dos dois principais “pares” de produtores é bastante distinta. Enquanto Líbia e Argélia estão posicionados entre os melhores IDHs do continente, Nigéria e Angola apresentam níveis baixos e sofrem com sérios conflitos internos (Angola vive em estado de paz nos últimos anos, o que torna as previsões mais otimistas). O único fio que realmente une estes países é a forte competição econômica envolvendo China e EUA, ambos investidores pesados do continente (a Índia, outro país em desenvolvimento, também investe, no entanto de maneira menos expressiva).
Dependendo das circunstâncias, esta competição pode ser saudável para a África. Na Líbia, país onde o nível de pobreza é baixo em comparação a países vizinhos, a força do Estado e a relativa consistência da economia impedem que os fortes investimentos americanos (e agora chineses) coloquem o país sob jugo estrangeiro e ao mesmo tempo garantem que os contratos internacionais sejam cumpridos. Na Argélia, onde a China ainda tem dificuldades para penetrar, a situação é semelhante, ainda que os EUA tenham bases militares instaladas no país.
Para os países subsaarianos, a situação é mais complexa. A Nigéria é um exemplo bastante ilustrativo: envolvida em conflitos internos, marcada pela pobreza e pela fragilidade da economia nacional, pode vir a tornar-se um alvo fácil para o domínio estrangeiro. Por ora, tanto a Nigéria quanto outros países subsaarianos vêm aproximando-se da China, aproveitando-se da postura chinesa de auxiliar na reconstrução do continente (ao mesmo tempo em que ocupa seu espaço no mercado africano). Em 2004, o crescimento do comércio entre China e África foi de impressionantes 50%, o que prova não ser por acaso a recente decisão dos chineses de injetar dois bilhões de dólares em Angola para a construção de infraestrutura offshore.
Apesar da expressiva produção, o consumo de petróleo dos países africanos é quase insignificante. Há poucas refinarias na África e a distribuição de combustíveis é limitada. Tomemos como exemplo a indústria automobilística: somando os quatro maiores produtores (Líbia, Argélia, Nigéria e Angola), não chegamos nem a quatro milhões de automóveis; com o mesmo número de habitantes (192 milhões de habitantes), a frota do Brasil é de quase 50 milhões de veículos.
É importante lembrar que a China, que tanto ambiciona o petróleo africano para atender sua demanda crescente (contribuindo para uma preocupante disparada nas cotações), também olha com atenção para o mercado consumidor africano. A China investe pesadamente em sua Indústria Automobilística e – com seus preços “tradicionalmente” baixos – poderá, em um futuro não muito distante, revolucionar a frota de automóveis africana. Isso sem contar com os investimentos destinados ao downstream, a ampliação da malha rodoviária, a geração de empregos e o aumento de renda (ou seja, tudo que é necessário para estimular o aumento da frota e, conseqüentemente, do consumo de derivados).
O aumento da frota mundial de veículos tende a crescer, e esta é apenas uma das ramificações de mercado a serem exploradas a partir do petróleo africano. Uma tendência que se pode apontar a partir da questão africana é a manutenção das elevadas cotações do petróleo. Esta tendência poderia ser freada se a produção mundial e o descobrimento de novas reservas viessem a aumentar consideravelmente, mas essas são situações que não dependem somente de questões técnicas e objetivas. Tudo dependerá de fato da geopolítica intercontinental, a cada dia mais complexa.
A Indústria do Petróleo africana, que figura a cada dia mais importante geopoliticamente, caminha hoje entre o tênue fio que separa o potencial desenvolvimento de um país da submissão econômica. Seus produtores mais significativos são Líbia e Argélia (países do norte africano) e Nigéria e Angola (situados na costa oeste da África Subsaariana).
Altamente dependentes do petróleo, esses quatro produtores africanos respondem por estimadamente 9% da produção mundial, com uma produção diária de 8 milhões de barris. No que se refere às reservas, os quatro representam cerca de 8% das reservas mundiais, uma vez que estas totalizam 100 bilhões de barris. Dos quatro, somente Angola possui um R/P baixo. No quesito “consumo”, o quadro muda, pois quase todo o petróleo é para exportação. O consumo diário dos quatro produtores não totaliza sequer 1 milhão de barris/dia ( 876 mil por dia) – ou seja, cerca de 10% de sua produção. Entretanto, cabe ressaltar que este quadro poderá se modificar através das mudanças que certamente virão com as novas perspectivas econômicas e políticas.
Os caminhos de saída do continente africano favorecem os principais produtores. Enquanto Líbia e Argélia se beneficiam do Mar Mediterrâneo para atingir o mercado europeu, Nigéria e Angola têm à sua disposição o Oceano Atlântico, o qual lhes possibilita exportar com tranqüilidade também para as Américas (em 2007, as exportações de Angola para o Brasil praticamente duplicaram graças ao petróleo). O Egito, apesar de possuir reservas bem mais modestas, é largamente compensado por seu potencial logístico. Seu grande trunfo é o Canal de Suez, principal passagem africana para o mercado asiático. O canal detém tanto valor que chegou a ser o estopim para a segunda crise do petróleo (quando, em 1956, Gamal Nasser decidiu nacionalizar o Canal de Suez).
A situação dos dois principais “pares” de produtores é bastante distinta. Enquanto Líbia e Argélia estão posicionados entre os melhores IDHs do continente, Nigéria e Angola apresentam níveis baixos e sofrem com sérios conflitos internos (Angola vive em estado de paz nos últimos anos, o que torna as previsões mais otimistas). O único fio que realmente une estes países é a forte competição econômica envolvendo China e EUA, ambos investidores pesados do continente (a Índia, outro país em desenvolvimento, também investe, no entanto de maneira menos expressiva).
Dependendo das circunstâncias, esta competição pode ser saudável para a África. Na Líbia, país onde o nível de pobreza é baixo em comparação a países vizinhos, a força do Estado e a relativa consistência da economia impedem que os fortes investimentos americanos (e agora chineses) coloquem o país sob jugo estrangeiro e ao mesmo tempo garantem que os contratos internacionais sejam cumpridos. Na Argélia, onde a China ainda tem dificuldades para penetrar, a situação é semelhante, ainda que os EUA tenham bases militares instaladas no país.
Para os países subsaarianos, a situação é mais complexa. A Nigéria é um exemplo bastante ilustrativo: envolvida em conflitos internos, marcada pela pobreza e pela fragilidade da economia nacional, pode vir a tornar-se um alvo fácil para o domínio estrangeiro. Por ora, tanto a Nigéria quanto outros países subsaarianos vêm aproximando-se da China, aproveitando-se da postura chinesa de auxiliar na reconstrução do continente (ao mesmo tempo em que ocupa seu espaço no mercado africano). Em 2004, o crescimento do comércio entre China e África foi de impressionantes 50%, o que prova não ser por acaso a recente decisão dos chineses de injetar dois bilhões de dólares em Angola para a construção de infraestrutura offshore.
Apesar da expressiva produção, o consumo de petróleo dos países africanos é quase insignificante. Há poucas refinarias na África e a distribuição de combustíveis é limitada. Tomemos como exemplo a indústria automobilística: somando os quatro maiores produtores (Líbia, Argélia, Nigéria e Angola), não chegamos nem a quatro milhões de automóveis; com o mesmo número de habitantes (192 milhões de habitantes), a frota do Brasil é de quase 50 milhões de veículos.
É importante lembrar que a China, que tanto ambiciona o petróleo africano para atender sua demanda crescente (contribuindo para uma preocupante disparada nas cotações), também olha com atenção para o mercado consumidor africano. A China investe pesadamente em sua Indústria Automobilística e – com seus preços “tradicionalmente” baixos – poderá, em um futuro não muito distante, revolucionar a frota de automóveis africana. Isso sem contar com os investimentos destinados ao downstream, a ampliação da malha rodoviária, a geração de empregos e o aumento de renda (ou seja, tudo que é necessário para estimular o aumento da frota e, conseqüentemente, do consumo de derivados).
O aumento da frota mundial de veículos tende a crescer, e esta é apenas uma das ramificações de mercado a serem exploradas a partir do petróleo africano. Uma tendência que se pode apontar a partir da questão africana é a manutenção das elevadas cotações do petróleo. Esta tendência poderia ser freada se a produção mundial e o descobrimento de novas reservas viessem a aumentar consideravelmente, mas essas são situações que não dependem somente de questões técnicas e objetivas. Tudo dependerá de fato da geopolítica intercontinental, a cada dia mais complexa.
Exploração e Produção no Hemisfério Norte
by Carlos Guedes | 23:53 in Artigos, Petróleo | comentários (0)
Exploração e Produção no Hemisfério Norte
Por Mauro Kahn e Pedro Nóbrega
(www.clubedopetróleo.com.br)
Em 1956, o geólogo da Shell M. King Hubbert previu durante uma conferência o auge e posterior declínio das reservas americanas a partir do final dos anos 60 e início dos anos 70. Com o passar das décadas, sua teoria comprovou-se na prática e os EUA passaram a temer o fim de suas reservas. Hubbert, no entanto, desconhecia o petróleo do Alasca, estado que hoje é a grande promessa dos EUA em termos de reservas. Embora a quantidade precisa de barris a serem explorados na região seja nebulosa e pouco divulgada por órgãos americanos, é provável que seja o suficiente para manter o nível de produção do país por mais algum bom tempo (os americanos permanecem como os terceiros maiores produtores do mundo). Apenas na National Petroleum Reserve a estimativa é de mais de 10 bilhões de barris.
No entanto, alguns obstáculos para que esse petróleo passe de fato a assumir um papel de destaque na produção nacional colocam-se no caminho. O principal deles diz respeito a questões ambientais. Cercada por reservas, a região já sofreu com o grave derramamento da Exxon Valdez em 1989 (até hoje considerado um dos mais traumáticos da História) e com mais um derramamento em 2006 (de menores proporções, mas suficiente para despertar a atenção dos órgãos de proteção ambiental). A pressão vem sendo muito forte por parte dos ambientalistas e – ainda que não impeçam o avanço nos projetos de coligação entre os dutos do Alasca e do Canadá – fazem com que investidores e políticos re-avaliem os benefícios de seguir por este caminho.
A pressão recai especialmente sobre os republicanos, acusados de querer aumentar a produção americana a qualquer custo. A escolha da governadora do Alasca Sarah Palin para integrar a chapa de John McCain é um indício das intenções republicanas, embora o atual governo esteja optando por investir no Golfo do México e fortalecer relações com o Canadá. Uma alternativa capitaneada pelos democratas para atenuar a demanda americana concerne o investimento em bioenergia. Por outro lado, apesar da capacidade americana de produzir o etanol a partir do milho, a quantidade de grãos necessária para produzir combustível de qualidade satisfatória é alta, o que leva a um aumento de preços preocupante para os criadores de gado e ativa os protestos de quem clama ser absurdo plantar energia no lugar de comida.
O Canadá vive uma situação semelhante ao Alasca em relação à questão ambiental. Extraído do arenito betuminoso, o mais promissor petróleo canadense (com reservas estimadas em 175 bilhões de barris) produz pelo menos cinco vezes mais dióxido de carbono, dentre outros danos relacionados ao ar, ao solo, às florestas e à água (a organização não-governamental Greenpeace posiciona-se como um dos mais ferrenhos adversários deste método de produção do petróleo). O gasto com gás natural também é extremamente alto; vale lembrar que os dispêndios atuais seriam o suficiente para alimentar 3,2 milhões de casas (isto se formos nos basear em dados atuais, desconsiderando o futuro aumento de produção).
Outra dificuldade para a extração do petróleo canadense é o custo de produção (o arenito betuminoso é mais caro de refinar e o aproveitamento do material bruto costuma ser menor). Durante muito tempo, devido à falta de tecnologia apropriada, a produção foi barrada por não gerar lucro. Mesmo hoje – quando o custo de extração baixou consideravelmente e o índice de recuperação saltou de 10% para 25% - existe a preocupação com a queda no preço do barril e com os altos investimentos necessários para habilitar uma infraestrutura capaz de suportar a produção em larga escala. O projeto canadense é produzir 4.8 milhões de barris/dia em 2020, o que lhes colocaria entre os 5 maiores produtores de petróleo do mundo.
Logisticamente, o Canadá não tem do que reclamar. Próximo de seu principal consumidor, os EUA, o país pode exportar facilmente seu petróleo através do Atlântico para a União Européia e, em um futuro próximo, poderá também transportá-lo até a China (falta ainda uma rede de dutos que leve o petróleo até o Pacífico). Hoje uma das principais discussões que envolvem o petróleo canadense é exatamente acerca do destino desse petróleo: enquanto alguns defendem que o Canadá se torne um exportador praticamente exclusivo dos EUA, apoiando-se na longa e fértil relação entre ambos os países, outros enxergam nas “areias oleosas” uma oportunidade de reforçar a independência econômica do Estado em relação aos vizinhos.
Como podemos constatar, o problema do petróleo no Hemisfério Norte – ao contrário da maior parte dos produtores – já não é a disputa com vizinhos ou as dificuldades de transporte (embora tais questões sempre existam). Daqui a algum tempo, com novos avanços tecnológicos, talvez nem mesmo a infraestrutura seja mais tão cara. E então o problema continuará sendo, acima de tudo, a responsabilidade internacional de dois países de primeiro mundo em buscar soluções para atender às suas necessidades e interesses, sempre de grande dimensão, sem causar um grande prejuízo ao planeta.
No entanto, alguns obstáculos para que esse petróleo passe de fato a assumir um papel de destaque na produção nacional colocam-se no caminho. O principal deles diz respeito a questões ambientais. Cercada por reservas, a região já sofreu com o grave derramamento da Exxon Valdez em 1989 (até hoje considerado um dos mais traumáticos da História) e com mais um derramamento em 2006 (de menores proporções, mas suficiente para despertar a atenção dos órgãos de proteção ambiental). A pressão vem sendo muito forte por parte dos ambientalistas e – ainda que não impeçam o avanço nos projetos de coligação entre os dutos do Alasca e do Canadá – fazem com que investidores e políticos re-avaliem os benefícios de seguir por este caminho.
A pressão recai especialmente sobre os republicanos, acusados de querer aumentar a produção americana a qualquer custo. A escolha da governadora do Alasca Sarah Palin para integrar a chapa de John McCain é um indício das intenções republicanas, embora o atual governo esteja optando por investir no Golfo do México e fortalecer relações com o Canadá. Uma alternativa capitaneada pelos democratas para atenuar a demanda americana concerne o investimento em bioenergia. Por outro lado, apesar da capacidade americana de produzir o etanol a partir do milho, a quantidade de grãos necessária para produzir combustível de qualidade satisfatória é alta, o que leva a um aumento de preços preocupante para os criadores de gado e ativa os protestos de quem clama ser absurdo plantar energia no lugar de comida.
O Canadá vive uma situação semelhante ao Alasca em relação à questão ambiental. Extraído do arenito betuminoso, o mais promissor petróleo canadense (com reservas estimadas em 175 bilhões de barris) produz pelo menos cinco vezes mais dióxido de carbono, dentre outros danos relacionados ao ar, ao solo, às florestas e à água (a organização não-governamental Greenpeace posiciona-se como um dos mais ferrenhos adversários deste método de produção do petróleo). O gasto com gás natural também é extremamente alto; vale lembrar que os dispêndios atuais seriam o suficiente para alimentar 3,2 milhões de casas (isto se formos nos basear em dados atuais, desconsiderando o futuro aumento de produção).
Outra dificuldade para a extração do petróleo canadense é o custo de produção (o arenito betuminoso é mais caro de refinar e o aproveitamento do material bruto costuma ser menor). Durante muito tempo, devido à falta de tecnologia apropriada, a produção foi barrada por não gerar lucro. Mesmo hoje – quando o custo de extração baixou consideravelmente e o índice de recuperação saltou de 10% para 25% - existe a preocupação com a queda no preço do barril e com os altos investimentos necessários para habilitar uma infraestrutura capaz de suportar a produção em larga escala. O projeto canadense é produzir 4.8 milhões de barris/dia em 2020, o que lhes colocaria entre os 5 maiores produtores de petróleo do mundo.
Logisticamente, o Canadá não tem do que reclamar. Próximo de seu principal consumidor, os EUA, o país pode exportar facilmente seu petróleo através do Atlântico para a União Européia e, em um futuro próximo, poderá também transportá-lo até a China (falta ainda uma rede de dutos que leve o petróleo até o Pacífico). Hoje uma das principais discussões que envolvem o petróleo canadense é exatamente acerca do destino desse petróleo: enquanto alguns defendem que o Canadá se torne um exportador praticamente exclusivo dos EUA, apoiando-se na longa e fértil relação entre ambos os países, outros enxergam nas “areias oleosas” uma oportunidade de reforçar a independência econômica do Estado em relação aos vizinhos.
Como podemos constatar, o problema do petróleo no Hemisfério Norte – ao contrário da maior parte dos produtores – já não é a disputa com vizinhos ou as dificuldades de transporte (embora tais questões sempre existam). Daqui a algum tempo, com novos avanços tecnológicos, talvez nem mesmo a infraestrutura seja mais tão cara. E então o problema continuará sendo, acima de tudo, a responsabilidade internacional de dois países de primeiro mundo em buscar soluções para atender às suas necessidades e interesses, sempre de grande dimensão, sem causar um grande prejuízo ao planeta.
China: como será possível alimentar este gigante?
by Carlos Guedes | 23:52 in Artigos | comentários (0)
China: como será possível alimentar este gigante?
Por Mauro Kahn & Pedro Nobrega do Clube do Petróleo
No atual panorama mundial, falar em transformação e crescimento é falar da China. O país, com muito mais de um bilhão de habitantes, é um exemplo único de progresso na história, um país que caminha rumo ao topo do cenário geopolítico com uma velocidade surpreendente e aparentemente incontrolável. No entanto, é importante lembrar que toda evolução carrega consigo um custo, e o custo chinês é diretamente proporcional ao tamanho espetacular de seu desenvolvimento. Os sintomas já podem ser observados: falta de água potável para parte da população, poluição atmosférica, demanda energética, espaço cada vez mais limitado para a agropecuária (esgotamento do solo e crescimento das cidades), entre outros. Enquanto o mundo observa com expectativa o fenômeno chinês, o governo (em conjunto com diversas empresas multinacionais) vem tomando atitudes para equilibrar esta situação e impedir uma possível desorganização do país, que poderia até implodir caso continuasse no atual estado de desequilíbrio dos seus recursos naturais.
No caso dos recursos hídricos, o problema é sério por diversos fatores. Em primeiro lugar, a demanda é naturalmente muito alta: a China detêm 7% da água do planeta e mais de 20% da população. Esta não seria uma proporção tão grave se 75% dos seus rios não estivessem poluídos e se o país não contasse com um sistema pouco eficiente de distribuição. Para solucionar o problema, o governo conta especialmente com a otimização desta distribuição e com o tratamento da água poluída, prevendo para isto um orçamento estimado em 125 bilhões de dólares. Somado a isso, o governo ainda deve conviver com a vontade separatista do Tibet, região com reconhecido potencial hídrico.
Importante lembrar que esta questão afeta ainda países vizinhos da China, que por si só já sofrem com graves problemas no setor hídrico. O Cazaquistão, por exemplo, além de ver sua água reduzida pelo mau uso e pela poluição, ainda assiste aos chineses desviarem parte das águas de rios comuns aos dois países, que assim chegam ao seu território bem menos caudalosos. A China talvez fizesse o mesmo com o rio Brahmaputra, que atravessa também a Índia e Bangladesh (países onde menos da metade de sua "superpopulação" consegue ter acesso à água potável com regularidade). Acreditamos que, neste caso, seja a força política do governo indiano que ainda não permitiu a interferência neste importante rio.
A água também consiste em um sério problema para a agricultura. Embora a China conte com um bom número de terras aráveis, não dispõe de água suficiente para investir em todas estas terras. Um pouco por esta razão e um tanto por necessidade, o governo chinês acaba por estimular o estabelecimento de novas cidades em regiões próprias para o cultivo e a pecuária.
Em outro nível de necessidade, a China também sofre com a demanda energética. Em 20 anos, o consumo de petróleo já passou de 2 milhões para mais de 7 milhões de barris por dia, tornando o país o segundo maior consumidor do mundo (atrás somente dos EUA). A produção, em contrapartida, subiu apenas 500 mil barris por dia, com um grande declínio nas suas reservas de petróleo. O país optou por investir pesado no downstream; a maior parte das suas refinarias passa por reformas ou estão sendo completamente trocadas por outras maiores e mais sofisticadas. Um problema antigo da China é a dificuldade para refinar o óleo pesado, o que em breve deve ser superado (representando no futuro uma excelente oportunidade para o Brasil, o qual poderá se tornar um importante exportador de petróleo). Hoje um projeto de 5 bilhões de dólares envolve a construção de uma refinaria chinesa em Guangzhou e que será capaz de refinar 300.000 barris por dia.
Muito mais abundante para os chineses do que o petróleo é o carvão, um recurso do qual a China é, disparada, a maior consumidora (mais de 2 bilhões de toneladas contra 23 milhões do Brasil). O carvão representa cerca de 70% do consumo energético do país e a China apresenta reservas estimadas em mais de 125 bilhões. Com o ritmo de consumo tendendo a crescer ainda mais, o R/P (reserva/produção) do país pode não durar mais do que 50 anos.
Como a pressão ambiental vem crescendo ao mesmo tempo em que as reservas de carvão apontam para esse esgotamento em meio século, a atitude do governo chinês tem sido a de buscar fontes alternativas e, simultaneamente, declarar seu apoio ao projeto de redução de emissões do carbono. O que não se sabe é o quanto o meio ambiente do planeta e a própria China poderão suportar até que o país consiga se desvencilhar desta dependência em relação ao carvão.
A poluição e o caos urbano podem ser bastante agravados com uma tendência que vem há anos se mostrando perigosa. Segundo dados recentes, de 1995 a 2005 a frota de bicicletas na China caiu de 670 milhões para 435 milhões, enfrentando o significativo aumento no número de carros privados (4,2 milhões para 8,9 milhões). Se esta tendência se confirmar – o que parece inevitável com o aumento da renda per capita e com a ocidentalização dos costumes chineses – o aumento no consumo de derivados do petróleo será muito alto e as cidades deverão ser todas completamente replanejadas. Com o custo barato dos carros chineses, é provável que em breve o mercado estrangeiro também se torne um excelente alvo para uma "super-eficiente" indústria automobilística chinesa.
A maior preocupação gerada pelo aumento da frota de carros chinesa é evidentemente causada pela mega população do país. Esta superpopulação leva o governo a agir de maneira discricionária para manter uma baixa taxa de natalidade. O que sustenta este tipo de postura é o medo de que a situação siga, por exemplo, as vias indianas (onde, por razões religiosas, o governo relaxa no controle familiar e depois tem de lidar com problemas crescentes, como o acumulo de lixo, a água poluída e outras complicações resultantes da pobreza).
Uma das maneiras através das quais os chineses vem buscando suprir suas necessidades é procurar soluções dentro do próprio continente. Na Ásia Central encontra-se o já citado Cazaquistão, cujo potencial acesso ao petróleo do Mar Cáspio e as boas reservas de gás natural podem ser fundamentais para os planos chineses. Nessa união interpõe-se dois problemas: em primeiro lugar, os problemas internos que a China enfrenta com os separatistas mulçumanos em suas províncias do noroeste; em segundo lugar, a situação política do próprio Cazaquistão, dividido entre a influência russa e o brilho do mercado consumidor chinês. Fora do continente, a China também nutre expectativas em relação aos países africanos, importando petróleo de países como Angola e Sudão e investindo na agricultura em fazendas de Uganda e Camarões.
Embora as dificuldades se apresentem em uma escala preocupante, a verdade é que o futuro permanece ainda em meio a um nebuloso cenário. Para nós, não há dúvidas de que os chineses terão, como sempre, uma enorme disposição para corrigir os seus problemas. O que não podemos prever é se eles serão tão eficazes a ponto de evitar que estes problemas venham a comprometer seu vertiginoso crescimento econômico.
Mauro Kahn & Pedro Nobrega - Clube do Petróleo - Leia outros artigos e os primeiros desta série acessando o site www.clubedopetroleo.com.br
O PETRÓLEO (NÃO) É NOSSO!
Por André Costa
http://andrecostapetroleo.blogspot.com/
Artigo muito interessante escrito pelo nosso amigo Tecnólogo André Costa, vale a pena dar uma lida!
Você conhece o Capitulo V, Seção I, Artigo 26 da nossa “maravilhosa” Lei do Petróleo 9478/97? Vamos a ela:
Art. 26. A concessão implica, para o concessionário, a obrigação de explorar, por sua conta e risco e, em caso de êxito, produzir petróleo ou gás natural em determinado bloco, conferindo-lhe a propriedade desses bens, após extraídos, com os encargos relativos ao pagamento dos tributos incidentes e das participações legais ou contratuais correspondentes.
Até onde consegui pesquisar, nenhuma nação do planeta tem um dispositivo desse em sua Lei. Discuta-se o artigo:
“por sua conta e risco” Eu desconheço um concessionário que tenha explorado em uma área onde a “nossa” Petrobras não tenha partido na frente. Então estamos falando de que risco? Deve ser que nem todo poço perfurado ocorre óleo, mas mesmo os que não resulta em comerciais gera dados para futuras perfurações. Não me venha com história de 51 anos de monopólio, afinal nos anos 60, 70 e início dos anos 80 existiam os contratos de risco (permitiam a união de outras operadoras com a Petrobras na exploração de petróleo).
“em caso de êxito, produzir petróleo ou gás natural em determinado bloco, conferindo-lhe a propriedade desses bens,” Aqui começa o equívoco dessa Lei. O petróleo não é um commodity comum, o petróleo é um bem estratégico para a nação que o tem. O EUA é uma potência em grande parte graças ao petróleo que possui nas suas terras e nas que são “donos”. Você sabia que os Estados Unidos possuem uma reserva estratégica de petróleo enterrada próxima ao Golfo do México de mais 800 milhões de Barris?
“após extraídos, com os encargos relativos ao pagamento dos tributos incidentes e das participações legais ou contratuais correspondentes.” O que a operadora recolhe a União a título desses tributos é o seguinte: royalties 10% ,mas um dispositivo da mesma Lei permite a redução até 5% por tanto pesquise uma produção que pague mais de 5%, eu não a encontrei. E não ultrapassa 10% de impostos variados, e existe uma participação especial sobre grande produção (regulamentada pela Lei nº 10.261, de 2001) e não vai ultrapassar a 15% do montante total, ou seja, totaliza no máximo 30% da riqueza gerada ficando no Brasil.
A questão não é essa, como petróleo não um commodity comum, não é o dinheiro o fator predominante e sim o produto em si. A Líbia, por exemplo, compra 80% de sua produção de qualquer operadora que produzir em seu país – é Lei. Agora me passa uma coisa, no mundo capitalista a regra geral e ter liberdade, mas penso que as “majors” não devam está muito interessada em quem vai pagar a conta uma vez que nesse mesmo mundo capitalista o mais importante é o dinheiro e não seu dono. A não ser que exista outra razão, mas isso já foi exaustivamente debatido há tempos por Monteiro Lobato e não deu em nada. Opa!! Rendeu-lhe a quebra de sua empresa de petróleo e a sua prisão por quase quatro meses.
Por tanto voltaremos ao tempo atual onde o capitalismo está bem consolidado. Devemos sim ter uma discussão ampla e séria, nos moldes do “O Petróleo é Nosso” no que tange a abrangência nacional e não uma discussão de gabinete onde uma meia-dúzia de pessoas que nunca se sujaram de petróleo, apenas com o “realpetro” tenha “suas” opiniões expressas na mídia todos os dias.
Devemos encarar o assunto petróleo com mais seriedade, pois corremos o risco de repetir o erro da Nigéria que embora tenha mais óleo que o Brasil vive sem os derivados na sua Nação ou até o Irã, um dos maiores produtores do planeta, que vive com o racionamento constante de combustíveis.
O mercado brasileiro está aberto ao capital estrangeiro, alguma “majors” interessou-se pelo parque de refino? O consumo interno de derivado aumenta a cada ano, o Brasil já importa diariamente milhares de barris de óleo diesel, sem contar os milhares de m3 de GN e GLP. Exportar óleo cru (brasileiro) a 75 dólares e importar derivados ao dobro desse valor não me parece uma matemática muito boa.
No futuro bem próximo teremos problemas sérios de disponibilidade de derivados e seremos “super potência” produtora, mas a balança comercial sempre negativa.
A prata já foi indicativo para determinar as nações poderosas, já foi o ouro e até há pouco tempo o dólar possuía essa conotação, mas já algum tempo o petróleo vem ocupando essa posição. O petróleo tem motivado as recentes guerras e desentendimento entre nações.
Por isso o foco da discussão deve ser mudado, não interessa quem vai produzir o pré-sal, já está claro que essa briga é política. A criação de uma nova empresa 100% estatal (“Petrosal”) vai interessar a indústria do petróleo ou aos “políticos” de plantão?
O foco deve ser: para onde vai essa produção. O que fazer dessa produção. Vamos entregar aos países desenvolvidos não gerando riqueza para povo como faz a Venezuela, a Bolívia, a Nigéria? A discussão deve ser um novo modelo regulatório, onde a produção deva ser comercializada para o país que a possua.
Infra-Estrutura do Petróleo
Por André Luiz.
Parabenizo o excelente e esclarecedor artigo do Amigo André Costa sobre a Lei do petróleo e os riscos que corremos em não atualiza-la. Cabe ressaltar que se não forem adotadas politicas /iniciativas desenvolvimentistas para a chamada "Área do Pré-Sal", acabaremos como produtores primários de uma cadeia produtiva em que os maiores valores agregados não estão na matéria prima e sim na gama de produtos advindos de sua origem. Faz-se necessário uma reestruturação , adequação, adaptação e acima de tudo investimentos nas áreas de construção naval, onde os principais parques de estaleiros encontram-se na Bahia, Rio de Janeiro, Itajaí (SC) e Rio Grande (RS), pois destes estaleiros sairam alguns dos módulos de produção de plataformas como a P-50, P-51, além de embarcações de apoio. Deve-se tambem ter uma especial atenção aos projetos de Construção de Plantas de refino e pólos de petroquímica, pois os existentes hoje poderão não ser capazes de absorver a produção e consequentemente a demanda de produtos acabados. Por fim me preocupa muito a questão da logistica na área do Pré-sal. este ano tive a oportunidade de estar na Sonda SS-55 - Ocean Alliance - da Brasdrill que estava à época operando na perfuração do campo de Tupy e fiquei impressionado com a distância e o tempo entre a saida de Jacarepaguá e a chegada à SS-55: 1h e 40 minutos de vôo, quando em média temos de 50 mimutos a uma hora em Marlin Sul na BC e 8 minutos no caso de Sergipe, fica a questão : e em caso de emergência haverá um centro de controle de contingências igual e com o mesmo aprestamento do desenvolvido na BC após o afundamento da P-36? O apoio logístico através de embarcações de suprimentos , equipamentos e demais insumos terá uma eficacia que venha dar funcionalidade as operações?
Tenho a convicção que se o desenvolvimento da exploração do Pré-sal for tratado no campo das tecnicidades que lhe são de fato requeridas, teremos tudo para nos tornarmos grandes produtores, mas acima de tudo temos que nos transformar em grandes beneficiadores desse petróleo, pois caso contrario cairemos naquela máxima do cidadão que gastou uma fortuna para comprar um baita carro , mas que agora não tem dinheiro pra gasolina.
Tenho a convicção que se o desenvolvimento da exploração do Pré-sal for tratado no campo das tecnicidades que lhe são de fato requeridas, teremos tudo para nos tornarmos grandes produtores, mas acima de tudo temos que nos transformar em grandes beneficiadores desse petróleo, pois caso contrario cairemos naquela máxima do cidadão que gastou uma fortuna para comprar um baita carro , mas que agora não tem dinheiro pra gasolina.
Continuem comentando! Sua opinião vale muito aqui!
Problemas de Localização de plataformas de produção de petróleo
by Carlos Guedes | 23:46 in Artigos, Downloads, Plataformas | comentários (0)
Somos todos gerentes?
Por Mauro Kahn e Paulo Vasconcelos do Clube do Petróleo
Um problema que afeta diretores e gerentes de qualquer empresa na comunicação com seus funcionários é a falta de consciência do trabalho que está sendo executado. Naturalmente, quando lidamos com diversos processos operacionais, é mais fácil perdermos a visão total da figura; muitas vezes estamos conduzindo pequenos projetos e não nos damos conta disso. É uma tendência humana perder a noção do geral quando exerce uma atividade particular, e muitas pessoas não conseguem compreender a razão para tratar alguns trabalhos como projetos (compreendendo projeto como todo empreendimento temporário em busca de um resultado único).
Como a história nos conta, a Indústria do Petróleo atravessou o século XX entre picos e distúrbios em busca da consolidação. Hoje, mesmo amadurecida, é uma indústria que nunca deixa de se deparar com o particular desafio das novas descobertas e dos avanços tecnológicos. Neste ponto, é uma indústria semelhante até mesmo ao programa aéreo espacial: envolve complexidade, tecnologia de ponta, cenários de desenvolvimento constante, com muitos riscos conhecidos e outros tantos desconhecidos. Além destes pontos, guardam semelhanças por envolverem orçamentos muito elevados.
Para atuar em grandes (ou até mesmo pequenos) projetos, torna-se cada vez mais relevante o envolvimento de técnicos e gerentes do mais alto nível, com certificações respeitadas e conhecimento comprovado na indústria do Petróleo e no gerenciamento de projetos . Daí decorre o crescente interesse por gerentes de projetos certificados pelo Project Management Institute (PMI).
Não é apenas a alta especialidade técnica que dispara esta busca por profissionais certificados; conta também o fato de vivermos em uma época na qual o tempo é sempre muito corrido. O gerente que trabalha dentro de uma consistente noção gerencial – ou seja, o gerente que está ambientado com projetos e que está certamente mais preparado para utilizar as ferramentas e práticas do PMI e largamente utilizadas na Indústria do Petróleo. Quando profissionais participam de equipes de projetos e mesmo entre diferentes projetos "entendem" melhor o vocabulário empregado, o que elimina dúvidas e erros bastante comuns em projetos não-estruturados (sem metodologia de gerenciamento).
A título de ilustração, vamos demonstrar as dificuldades existentes na comunicação entre indivíduos que não compartilham do mesmo conhecimento sobre o significado de termos técnico-administrativos. Seria uma verdadeira "Torre de Babel", ou seja, ninguém entenderia ninguém. Considerando os chamados "canais de comunicação” entre os participantes de um projeto ou de uma atividade específica, podemos calcular, pelo simples uso da fórmula abaixo
Canais de comunicação = (n² -n)/2
(onde n corresponde ao número de participantes envolvidos), o número de possibilidades de surgirem "ruídos" ou mal-entendidos na comunicação.
Por exemplo, uma equipe formada por um gerente, doze colaboradores diretos e mais sete interessados ("stakeholders", em inglês) – perfazendo o total de vinte indivíduos – com a aplicação da fórmula acima (sendo a letra n substituída pelo número vinte) e efetuando os cálculos, chega a cento e noventa canais de comunicação. Se uma situação desta dimensão for mal administrada, a tendência é de que os custos disparem e o controle seja completamente perdido.
Esta situação caótica, vale lembrar, está longe de ser teórica. Na realidade, é até mesmo muito comum em projetos e atividades operacionais contínuas. Qualquer projeto sofre com a falta de conhecimento uniforme dos participantes.
Há também, é claro, sempre quem confunda a importância de uma formação gerencial com preciosismos profissionais, como o uso de programas como o MS Project. Tais preocupações são irrelevantes: o gerente pode usar simples planilhas eletrônicas ou mesmo a velha folha de papel em branco para estabelecer suas metas (objetivo do projeto), prazos a serem obedecidos (cronograma), valores a serem solicitados (orçamento) e recursos necessários (aquisições). O importante é o conteúdo e a noção do que está sendo elaborado.
Os treinamentos gerenciais têm trazido ganhos enormes. No caso dos treinamentos do Clube do Petróleo, por estarmos diretamente envolvidos, podemos constatar nos resultados como os funcionários se tornam:
1. Mais capacitados para diferenciar projetos de atividades operacionais.
2. Mais preparados para planejar suas ações, definindo os prazos a serem obedecidos.
3. Capazes de mensurar a relação custo x benefício de projetos e demais atividades, sabendo elaborar um esboço do orçamento e até mesmo recomendar a descontinuidade de atividades, tarefas e pequenos projetos cujos benefícios pouco atrativos não justificam os custos estimados.
4. Capazes de documentar os novos processos e atividades para facilitar a passagem de serviços e treinamento on-the-job para novos empregados.
Estamos entrando em uma era de muitas transformações em nossa relação com o trabalho. É um tempo em que a facilidade de nos perder em processos os quais não compreendemos (por serem altamente especializado) tende a ser um obstáculo um tanto perigoso. Faz-se necessário que nos situemos. www.clubedopetroleo.com.br
Um problema que afeta diretores e gerentes de qualquer empresa na comunicação com seus funcionários é a falta de consciência do trabalho que está sendo executado. Naturalmente, quando lidamos com diversos processos operacionais, é mais fácil perdermos a visão total da figura; muitas vezes estamos conduzindo pequenos projetos e não nos damos conta disso. É uma tendência humana perder a noção do geral quando exerce uma atividade particular, e muitas pessoas não conseguem compreender a razão para tratar alguns trabalhos como projetos (compreendendo projeto como todo empreendimento temporário em busca de um resultado único).
Como a história nos conta, a Indústria do Petróleo atravessou o século XX entre picos e distúrbios em busca da consolidação. Hoje, mesmo amadurecida, é uma indústria que nunca deixa de se deparar com o particular desafio das novas descobertas e dos avanços tecnológicos. Neste ponto, é uma indústria semelhante até mesmo ao programa aéreo espacial: envolve complexidade, tecnologia de ponta, cenários de desenvolvimento constante, com muitos riscos conhecidos e outros tantos desconhecidos. Além destes pontos, guardam semelhanças por envolverem orçamentos muito elevados.
Para atuar em grandes (ou até mesmo pequenos) projetos, torna-se cada vez mais relevante o envolvimento de técnicos e gerentes do mais alto nível, com certificações respeitadas e conhecimento comprovado na indústria do Petróleo e no gerenciamento de projetos . Daí decorre o crescente interesse por gerentes de projetos certificados pelo Project Management Institute (PMI).
Não é apenas a alta especialidade técnica que dispara esta busca por profissionais certificados; conta também o fato de vivermos em uma época na qual o tempo é sempre muito corrido. O gerente que trabalha dentro de uma consistente noção gerencial – ou seja, o gerente que está ambientado com projetos e que está certamente mais preparado para utilizar as ferramentas e práticas do PMI e largamente utilizadas na Indústria do Petróleo. Quando profissionais participam de equipes de projetos e mesmo entre diferentes projetos "entendem" melhor o vocabulário empregado, o que elimina dúvidas e erros bastante comuns em projetos não-estruturados (sem metodologia de gerenciamento).
A título de ilustração, vamos demonstrar as dificuldades existentes na comunicação entre indivíduos que não compartilham do mesmo conhecimento sobre o significado de termos técnico-administrativos. Seria uma verdadeira "Torre de Babel", ou seja, ninguém entenderia ninguém. Considerando os chamados "canais de comunicação” entre os participantes de um projeto ou de uma atividade específica, podemos calcular, pelo simples uso da fórmula abaixo
Canais de comunicação = (n² -n)/2
(onde n corresponde ao número de participantes envolvidos), o número de possibilidades de surgirem "ruídos" ou mal-entendidos na comunicação.
Por exemplo, uma equipe formada por um gerente, doze colaboradores diretos e mais sete interessados ("stakeholders", em inglês) – perfazendo o total de vinte indivíduos – com a aplicação da fórmula acima (sendo a letra n substituída pelo número vinte) e efetuando os cálculos, chega a cento e noventa canais de comunicação. Se uma situação desta dimensão for mal administrada, a tendência é de que os custos disparem e o controle seja completamente perdido.
Esta situação caótica, vale lembrar, está longe de ser teórica. Na realidade, é até mesmo muito comum em projetos e atividades operacionais contínuas. Qualquer projeto sofre com a falta de conhecimento uniforme dos participantes.
Há também, é claro, sempre quem confunda a importância de uma formação gerencial com preciosismos profissionais, como o uso de programas como o MS Project. Tais preocupações são irrelevantes: o gerente pode usar simples planilhas eletrônicas ou mesmo a velha folha de papel em branco para estabelecer suas metas (objetivo do projeto), prazos a serem obedecidos (cronograma), valores a serem solicitados (orçamento) e recursos necessários (aquisições). O importante é o conteúdo e a noção do que está sendo elaborado.
Os treinamentos gerenciais têm trazido ganhos enormes. No caso dos treinamentos do Clube do Petróleo, por estarmos diretamente envolvidos, podemos constatar nos resultados como os funcionários se tornam:
1. Mais capacitados para diferenciar projetos de atividades operacionais.
2. Mais preparados para planejar suas ações, definindo os prazos a serem obedecidos.
3. Capazes de mensurar a relação custo x benefício de projetos e demais atividades, sabendo elaborar um esboço do orçamento e até mesmo recomendar a descontinuidade de atividades, tarefas e pequenos projetos cujos benefícios pouco atrativos não justificam os custos estimados.
4. Capazes de documentar os novos processos e atividades para facilitar a passagem de serviços e treinamento on-the-job para novos empregados.
Estamos entrando em uma era de muitas transformações em nossa relação com o trabalho. É um tempo em que a facilidade de nos perder em processos os quais não compreendemos (por serem altamente especializado) tende a ser um obstáculo um tanto perigoso. Faz-se necessário que nos situemos. www.clubedopetroleo.com.br
O Etanol
Por André Luiz
andre2r@oi.com.br
O etanol desponta como a grande estrela entre as fontes de energia ambientalmente corretas e renováveis, e o Brasil aparece como seu possível maior produtor. Herdeiros do pró álcool - programa do governo iniciando no fim da década de 70 e que tinha como objetivo a substituição dos combustíveis derivados de petróleo por álcool – possuímos ainda hoje, espalhadas por algumas regiões do país, usinas remanescentes daquele período que poderão ser reativadas em função dessa demanda por combustíveis renováveis. Há, no entanto setores que resistem à idéia de se “plantar combustível”, tanto no plano nacional, quanto no internacional. Uma das maiores críticas do programa do etanol tem sido a Transnacional SHELL, que em recente nota divulgada criticou os países que tem a intenção de implantar o programa de combustíveis renováveis, em especial o Brasil. As críticas fizeram menção não só a substituição de áreas agricultáveis destinadas à produção de alimentos, como também aos usineiros brasileiros, contumazes devedores de impostos e que também aparecem como principais responsáveis pela “ainda existência de trabalho escravo no Brasil”. É sabido que o etanol vem a ser considerado o combustível do futuro, não só por ter uma fonte renovável como também por suas emissões reduzidas em relação aos combustíveis fósseis, mas também é de conhecimento amplo que a indústria canavieira é a que produz o maior número de ocorrências de denuncias de trabalhos escravo no pais e também um índice considerável de óbitos de trabalhadores levados a condições físicas extremas. Um cortador de cana pode chegar a cortar até 16 toneladas de cana por dia de trabalho. Este dado faz parte de estatística do Organização Internacional do trabalho – OIT - e coloca o país no rol de países em desenvolvimento onde é comprovada existência, “ainda”, de trabalhadores submetidos a condições de trabalho escravo.
Há de se ter cautela, por tudo que a produção de etanol pode vir a ser para o país. Desenvolvimento, tecnologia, trabalho e emprego poderão alavancar o tão sonhado crescimento socioeconômico de que tanto precisamos. A dependência de fontes de energias não renováveis também é determinante fator no dimensionamento de um programa de tal magnitude, mas não pode também vir a ser o programa do etanol responsável pela diminuição das áreas agricultáveis responsáveis pela produção de alimentos, pela intensificação de formas de se burlar a legislação fiscal e a manutenção da indústria da escravidão num país que ainda precisa muito aperfeiçoar seus planos de melhoria da qualidade socioeconômica e de combate a corrupção.
Atrás de mão-de-obra
Olá pessoal, a noticia não é tão recente mas é desse ano. Foi retirado do portal gui@offshore. Mas são animadoras e trazem boas perspectivas para nós alunos de graduações no segmento de petroleo e gás. Abaixo segue a matéria:
Agência de Notícias*
Petrolíferas correm o mundo atrás de mão-de-obra para plataformas
Agência de Notícias*
Nova York, 2/1/2009 - Muitos setores industriais do mundo inteiro têm cortado custos e despedido funcionários. Mas há um segmento que continua recrutando trabalhadores agressivamente, tentando atraí-los com altos salários, além de bônus e programas de treinamento no emprego. As petrolíferas multinacionais lutam com a falta de mão-de-obra especializada para construir plataformas marítimas, uma carência que só deve piorar.
As empresas pretendem construir 180 novas plataformas marítimas nos próximos três anos, que virão se somar às 640 já existentes. Os projetos abrangem muitos lugares do planeta, da costa brasileira e o Golfo do México até os litorais do Mar Cáspio e do Vietnã. Cada nova plataforma exige em média 200 trabalhadores, contando pessoal em mar e em terra.
Será necessário mais que a recente queda nos preços do petróleo, para a faixa dos US$ 35 a US$ 45 o barril, para frear esses projetos, segundo as empresas. Os projetos de desenvolvimento petrolífero "levam, em média, dez anos para se completar, e operam por mais de trinta anos", diz Susan Houghton, do departamento de recursos humanos da Chevron Corp. "Em 2008 contratamos cerca de 6.000 novos funcionários, e continuaremos a esse ritmo em 2009″, informou ela.
Os salários para as categorias mais procuradas de trabalhadores petroleiros subiram cerca de um terço nos últimos quatro anos, segundo Stephen Whittaker, da Schlumberger Ltd., a maior empresa de serviços petrolíferos do mundo em receita. Um plataformista experiente ganha US$100.000 por ano (algo como R$ 16.500 por mês), e os engenheiros de mais alto nível conseguem até US$500.000 anuais, segundo analistas e executivos do setor.
Mas não é um dinheiro fácil. O trabalho nas plataformas exige longas jornadas de trabalho manual, quaisquer que sejam as condições climáticas apresentadas pela Mãe Natureza.
Exxon Mobil Corp., Chevron, BP PLC e outras estão aumentando suas verbas para treinamento e recrutamento, e investindo mais tempo nos campus universitários. "Os estudantes estão conseguindo estágios de verão que pagam de US$ 5.000 a US$ 7.000 por mês e bônus de contratação de US$10.000 e US$20.000″, diz David S. Schechter, professor de engenharia petrolífera da universidade americana Texas A&M, de College Station, Texas.
Shawn Dawsey, um dos alunos de Schechter, mudou sua área central de estudos no ano passado, passando da engenharia elétrica para petróleo. A mudança compensou. Ele se formará em maio e já recebeu oito ofertas de trabalho que pagam cerca de US$80.000 por ano.
As petrolíferas estão em grande parte apenas compensando a queda nas contratações do início dos anos 90, devido à queda nos preços do petróleo. Seguiu-se uma carência de mão-de-obra especializada - levando depois a um esforço generalizado de recrutamento e treinamento e à decisão de conservar os funcionários, mesmo em épocas de queda no preço do barril.
"As empresas contrataram muito pouca gente quando o barril estava a US$ 10, nos anos 90, de modo que a US$ 75 o barril ainda há um enorme déficit de pessoal", diz Doug Wearley, gerente de recrutamento da CSI Recruiting, firma americana de serviço de colocação profissional.
As contratações vão além dos universitários recém-formados em países ricos. A BP está investindo US$ 50 milhões em escolas de engenharia na Líbia e também opera programas de aprendizado em Angola. O status dos petroleiros fica evidente em Stavanger, a capital da indústria petrolífera offshore da Noruega. Embora a produção do Mar do Norte tenha diminuído, a região está repleta de empresas que procuram extrair parte dos estimados 7,3 bilhões de barris que jazem nas profundezas do leito marinho.
Os petroleiros desfrutam de salários a partir de US$ 100.000 anuais e um mês de folga entre os turnos de duas semanas. Os empregadores querer usar o próximo dissídio, em 2010, para pressionar os três grandes sindicatos de petroleiros do país por uma redução dessa folga para três semanas. Mas Kjetil Hjertvik, porta-voz da Associação das Indústrias Petrolíferas da Noruega, reconhece que, "em um mercado de trabalho apertado, os trabalhadores levam vantagem". Os petroleiros nem sempre tiveram sucesso em seus esforços de sindicalização, mas nos últimos dois anos usaram sua nova posição de poder para fazer greves bem-sucedidas, em busca de melhores salários e condições e mais benefícios, em países como Brasil, México, Escócia. Noruega, Nigéria, Gabão e Iraque. (Fonte: Valor Econômico/John W. Miller/The Wall Street Journal)
As empresas pretendem construir 180 novas plataformas marítimas nos próximos três anos, que virão se somar às 640 já existentes. Os projetos abrangem muitos lugares do planeta, da costa brasileira e o Golfo do México até os litorais do Mar Cáspio e do Vietnã. Cada nova plataforma exige em média 200 trabalhadores, contando pessoal em mar e em terra.
Será necessário mais que a recente queda nos preços do petróleo, para a faixa dos US$ 35 a US$ 45 o barril, para frear esses projetos, segundo as empresas. Os projetos de desenvolvimento petrolífero "levam, em média, dez anos para se completar, e operam por mais de trinta anos", diz Susan Houghton, do departamento de recursos humanos da Chevron Corp. "Em 2008 contratamos cerca de 6.000 novos funcionários, e continuaremos a esse ritmo em 2009″, informou ela.
Os salários para as categorias mais procuradas de trabalhadores petroleiros subiram cerca de um terço nos últimos quatro anos, segundo Stephen Whittaker, da Schlumberger Ltd., a maior empresa de serviços petrolíferos do mundo em receita. Um plataformista experiente ganha US$100.000 por ano (algo como R$ 16.500 por mês), e os engenheiros de mais alto nível conseguem até US$500.000 anuais, segundo analistas e executivos do setor.
Mas não é um dinheiro fácil. O trabalho nas plataformas exige longas jornadas de trabalho manual, quaisquer que sejam as condições climáticas apresentadas pela Mãe Natureza.
Exxon Mobil Corp., Chevron, BP PLC e outras estão aumentando suas verbas para treinamento e recrutamento, e investindo mais tempo nos campus universitários. "Os estudantes estão conseguindo estágios de verão que pagam de US$ 5.000 a US$ 7.000 por mês e bônus de contratação de US$10.000 e US$20.000″, diz David S. Schechter, professor de engenharia petrolífera da universidade americana Texas A&M, de College Station, Texas.
Shawn Dawsey, um dos alunos de Schechter, mudou sua área central de estudos no ano passado, passando da engenharia elétrica para petróleo. A mudança compensou. Ele se formará em maio e já recebeu oito ofertas de trabalho que pagam cerca de US$80.000 por ano.
As petrolíferas estão em grande parte apenas compensando a queda nas contratações do início dos anos 90, devido à queda nos preços do petróleo. Seguiu-se uma carência de mão-de-obra especializada - levando depois a um esforço generalizado de recrutamento e treinamento e à decisão de conservar os funcionários, mesmo em épocas de queda no preço do barril.
"As empresas contrataram muito pouca gente quando o barril estava a US$ 10, nos anos 90, de modo que a US$ 75 o barril ainda há um enorme déficit de pessoal", diz Doug Wearley, gerente de recrutamento da CSI Recruiting, firma americana de serviço de colocação profissional.
As contratações vão além dos universitários recém-formados em países ricos. A BP está investindo US$ 50 milhões em escolas de engenharia na Líbia e também opera programas de aprendizado em Angola. O status dos petroleiros fica evidente em Stavanger, a capital da indústria petrolífera offshore da Noruega. Embora a produção do Mar do Norte tenha diminuído, a região está repleta de empresas que procuram extrair parte dos estimados 7,3 bilhões de barris que jazem nas profundezas do leito marinho.
Os petroleiros desfrutam de salários a partir de US$ 100.000 anuais e um mês de folga entre os turnos de duas semanas. Os empregadores querer usar o próximo dissídio, em 2010, para pressionar os três grandes sindicatos de petroleiros do país por uma redução dessa folga para três semanas. Mas Kjetil Hjertvik, porta-voz da Associação das Indústrias Petrolíferas da Noruega, reconhece que, "em um mercado de trabalho apertado, os trabalhadores levam vantagem". Os petroleiros nem sempre tiveram sucesso em seus esforços de sindicalização, mas nos últimos dois anos usaram sua nova posição de poder para fazer greves bem-sucedidas, em busca de melhores salários e condições e mais benefícios, em países como Brasil, México, Escócia. Noruega, Nigéria, Gabão e Iraque. (Fonte: Valor Econômico/John W. Miller/The Wall Street Journal)
O PORTO SEGURO DO PETRÓLEO NACIONAL
Por Mauro Kahn e Pedro Nobrega do Clube do Petróleo www.clubedopetroleo.com.br
O ano de 2009 começou com boas notícias para o setor de petróleo. Em um momento de grande instabilidade mundial, o governo brasileiro já afirmou disse confiar no potencial da Indústria do Petróleo Nacional, assegurando aos investidores (potenciais e reais) do pré-sal que suas intenções não serão frustradas. No entanto, o que mais chama a atenção dos especialistas é o retorno do enfoque produtivo sobre a Bacia de Campos.
Se durante todo o ano passado a grande preocupação dos “players” nacionais dizia respeito à descoberta e distribuição de novas reservas, este ano a prioridade parece ser um aumento de produção que torne não apenas os novos investimentos viáveis, mas garanta também alguma segurança à economia brasileira (que ainda aguarda aflita os reflexos da crise financeira, os quais vêm sendo absorvidos aos poucos). Para isso, a Bacia de Campos parece o alvo ideal, por sua estrutura de produção e funcionamento (que amadurece progressivamente).
O primeiro passo dado foi a ativação da plataforma semi-submersível integralmente construída no Brasil, a P-51, no campo Marlim Sul, no dia 24/01. Capaz de produzir 180 mil barris de petróleo por dia, a plataforma proporcionará ao Brasil ganhos também na área do gás natural através de sua capacidade de comprimir 6 milhões de metros cúbicos. Relatórios do governo falam também de 4 mil empregos gerados diretamente e 12 mil gerados indiretamente.
Uma réplica da P-51, a plataforma P-56 é prevista para entrar em funcionamento no final de 2010 e seus ganhos deverão ser similares (embora deva processar “apenas” 100 mil barris por dia). Outras quatro plataformas são previstas para a Bacia de Campos até 2013, nos campos de Roncador, Jubarte e Papa-Terra, contabilizando um vastíssimo aumento de produção (e rivalizando com apenas duas que serão construídas em Maragogipe e uma na Bacia de Santos).
Parece certo que, se o pré-sal é o futuro, a Bacia de Campos está mais presente do que nunca. Virtualmente esquecida em 2007, ela ainda está a meio caminho de sua plena exploração, tendo muito para proporcionar. O carro-chefe do governo continuam sendo as águas profundas, mas a atenção dos produtores, neste momento, parece definitivamente voltada para a Bacia de Campos.
A atitude, dentro do cenário mundial que vivenciamos, parece perfeitamente coerente. Com a vertiginosa queda nas cotações do barril em relação ao primeiro semestre do ano passado, a possibilidade de um grave contra-choque paira sempre no ar, e ter a opção de obter o petróleo a preços mais modestos – sem excluir de maneira alguma o pré-sal – torna o país mais flexível para os próximos anos.
Particularmente, não acreditamos na eternidade deste contra-choque, e sim em uma tendência de aumento nas cotações no médio prazo, pois raramente uma situação de tal desvantagem para um número considerável de players dura muito tempo. No entanto, caso esta possibilidade se enfraqueça, é vital para o Brasil, pretendendo de fato tornar-se um dos grandes agentes no mercado mundial do petróleo, que construa sua própria Indústria sobre bases sólidas.
Jogo Exploratório: Considerações sobre riscos e incertezas para o Setor de E&P
by Carlos Guedes | 23:38 in Artigos, Downloads | comentários (0)
Jogo Exploratório: Considerações sobre riscos e incertezas para o Setor de E&P
"... Para se adaptar às novas situações, impostas pelo mercado, o processo de tomada de decisão em investimentos com risco deve ser aprimorado - aperfeiçoando novos métodos, que permitam a identificação das condições ideais para a realização de novos investimentos na exploração e no desenvolvimento da produção de Petróleo."
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A necessidade do planeamento a fim de amenizar as consequências da produção máxima mundial de petróleo
by Carlos Guedes | 23:37 in Artigos | comentários (0)
A necessidade do planeamento a fim de amenizar as consequências da produção máxima mundial de petróleo
Continuando com a série sobre pico do petróleo, segue mais um interessante artigo do Robert L. Hirsh.
É necessária uma estrutura a fim de planear a amenização (mitigation) da escassez de petróleo depois de a produção mundial atingir um máximo e entrar em declínio. Alguns argumentam que a evolução normal do mercado será adequada para evitar a escassez. Nós assumimos que não será assim.
Ao tratar de tais assuntos, o pior que pode acontecer é colocar entre parênteses as exigências da amenização por se entender que a miríade de variáveis e factores desconhecidos não permitiria precisão. Consequentemente, a nossa análise envolve considerações acerca de ordens de grandeza económicas, experiências passadas do mundo real, previsões da futura produção mundial de petróleo e possíveis comportamentos dos exportadores de petróleo. [...]
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Por dentro da Notícia.
by Carlos Guedes | 23:29 in Apostilas, Artigos, Downloads, Notícias | comentários (0)
Por dentro da Notícia.
Não sei se vocês já sabem mas amanhã começa o Teste de Longa Duração (TLD) do Tupi, e nos meios de comunicação só veicula-se isso. Então selecionei essas 4 notícias que considerei importante para ficarmos por dentro, dando destaque para a nova estatal, que deve tornar-se realidade. Para ler a notícia é só clicar no link.
Para compilar esse conhecimento e agregar mais valor,segue artigo do Professor de Economia da UFRJ, Adilson de Oliveira
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Muitos devem ter lido a notícia e ficaram perdidos, mas o que é um Teste de longa duração? Ele já explota(produz) a todo vapor? Como é feita uma avaliação da formação?! Que resultados são gerados? O que é um reservatório? como ele se comporta?
Para acabar com essas dúvidas e agregar um pouco mais de conhecimento, disponibilizo a vocês dois arquivos muito bons que tenho que certeza que os ajudarão muito.
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O Brasil na rota dos Petrodólares
Por Mauro Kahn & Pedro Nobrega
Há alguns anos seria difícil imaginar que o Brasil, ainda buscando arduamente a auto-suficiência em petróleo (depois de ter passado a década de 80 com uma balança comercial estraçalhada por altas consecutivas na cotação do “ouro negro”), agora estaria na mira dos investidores internacionais, com perspectivas de receber investimentos de dezenas de bilhões de dólares. Em trinta anos, o país viveu uma verdadeira “virada de mesa”, colocando-se entre uma das mais promissoras economias deste século.
No conturbado princípio dos anos 80, eram os produtores da OPEP que davam todas as cartas quando o assunto era petróleo. O Mar do Norte estava ainda começando a se projetar, a Rússia pouco influenciava, os produtores africanos eram uma incógnita e nós não conhecíamos sequer o potencial da Bacia de Campos (quanto mais as promessas do Pré-sal!).
Naquela época, o Brasil estava modernizando o seu parque de refino, mas até aí nada havia de promissor, pois os anos seguintes seriam marcados por uma forte ociosidade no parque de refino mundial. Toda a conjuntura parecia jogar contra os interesses brasileiros e a formação do BRIC não era nem mesmo uma suposição.
Mas foi durante aqueles mesmos anos que o mundo começou a dar sinais de uma discreta revolução. Renascido das cinzas após a Segunda Grande Guerra, o Japão confirmou seu potencial e se projetou de maneira inesperada. Era o primeiro sinal de um novo contexto econômico, que a princípio passou despercebido em importância e que vem se consolidando durante este milênio. Hoje podemos dizer que são os mesmos japoneses, justamente somados ao BRIC e à Coréia do Sul, que tem contribuído primordialmente para o aumento do consumo de derivados do petróleo. Foi esta situação, aliás, que permitiu uma especulação sem precedentes em relação ao petróleo, levando o barril a US$ 145,00 em meados de 2008.
Com a crise internacional, as cotações naturalmente despencaram, causando um “contra-choque”. A desaceleração da economia também reduziu o consumo dos derivados, no entanto as estimativas sugerem que a queda não foi muito além dos 10% (na média mundial). Evidentemente, esta queda vertiginosa nas cotações – não sendo acompanhada por uma queda de mesma proporção no consumo – acabará gerando novas especulações, que mais uma vez puxarão as cotações para cima. Devemos lembrar que os especuladores continuam vivos e que, conforme já pudemos constatar, esta crise não é tão forte quanto a princípio se desenhava. Apesar de todo o alarde, o mundo começa a ensaiar uma recuperação.
Não seria de se espantar que esta recuperação começasse justamente na Ásia, a região do planeta com mais fome de petróleo. Quando as centenas de milhões de consumidores voltarem a ter poder de compra, é inclusive um risco bastante presente que o consumo exploda e anule todas as estimativas de “consumo controlado” e “preços em baixa”. Japoneses e chineses já perceberam que, a longo prazo, faltará cru e – principalmente – capacidade de refino ao redor do mundo. O Japão não têm mais onde construir suas novas refinarias; lhes falta espaço e sobra poluição. A China corre, construindo as maiores e mais modernas refinarias do mundo e procurando por todo o petróleo que puder comprar ou se associar.
Enquanto os chineses voltam os dois olhos para a África, os japoneses incluem o Brasil na rota de seus investimentos na Indústria do Petróleo. Os países tentam se precaver para não cair na situação dos EUA, que apesar de deterem a maior parte das refinarias no mundo, assistem ao declínio de suas reservas e ainda têm de lidar com uma conturbada e azeda relação junto ao governo venezuelano (sem contar com as reservas de petróleo mexicanas, as quais declinam dia após dia).
Dentro deste contexto, mesmo que o barril do petróleo se situe apenas em uma faixa de US$ 60,00 a US$ 70,00, que já seria suficiente para viabilizar a maioria dos nossos projetos, sendo por isto que ninguém mais duvida da capacidade do Brasil. Com uma nova Indústria do Petróleo, extremamente verticalizada (indo do poço ao posto), o país ainda pode confirmar o contínuo crescimento não só de suas reservas como também de seu mercado consumidor. Dentro de um ambiente favorável como este, é natural que o Brasil ambicione significativos investimentos no seu “upstream”, assim como em seu “downstream”. Precisamos, é claro, nos preparar para os desafios que teremos de enfrentar no caminho para o nosso prêmio.
Seja o CEO da sua carreira
Dentre as competências mais importantes para um executivo que deseja obter sucesso no mercado, em ordem de importância, segundo uma pesquisa realizada pela PriceWaterHouseCoopers, estão : flexibilidade para mudanças, liderança, capacidade de desenvolver pessoas, espírito colaborativo, criatividade, inovação e, por último, visão a longo prazo para antecipar e administrar os riscos para a empresa.
É importante que o jovem fique atento para não colocar o objetivo de se tornar um CEO em primeiro foco para sua carreira, nem como um fim, mas encarar esse fato como uma conseqüência de suas realizações ao longo do tempo. Estar no topo significa que mais responsabilidades serão assumidas, por isso, volto a dizer que é melhor começar pelas responsabilidades da própria carreira.
Algumas ações podem ajudá-lo a ser o CEO do futuro, como:
Priorizar atividades que geram resultados – Não perca tempo com atividades que não tragam bons resultados. Conte com o planejamento estratégico para alcançar níveis de excelência ao longo do seu dia-a-dia;
Buscar responsabilidades e assumí-las – Sabe aquele projeto importante que o seu chefe está para começar? Prepare-se e esteja à disposição para colaborar. Para que você possa ser visto, muitas vezes é preciso se expor. Não espere, crie suas próprias oportunidades e lembre-se: quem não é visto não é lembrado;
Inovar e criar – Não realize suas tarefas de maneira automática, ou seja, pense sempre no que pode ser melhorado. Inovação é algo que toda empresa busca e, se você fizer isso também, há grandes chances de criar algo que faça a diferença para sua organização;
Aprender a cada instante – Aproveite todas as oportunidades para aprender algo novo. Acredite que não existem erros e acertos, apenas resultados. A partir deste pensamento, idealize maneiras de aprender com os resultados e ir à busca das suas metas;
Investir em você – Estude, trabalhe seu desenvolvimento pessoal e busque atividades que realmente lhe dão prazer e geram mais impacto positivo nos seus resultados. Para crescer na empresa é preciso crescer internamente, como indivíduo.
Conviver com profissionais experientes; estudar seus comportamentos, a forma como pensam, agem e superam desafios; a maneira de se comunicar com o restante da equipe; e as estratégias que usam para lidar com as crises pode contribuir significativamente para o jovem “comprimir décadas em dias”. Com isso é possível aprender em pouquíssimo tempo o que seu modelo demorou a aprender em uma vida. Mas, não adianta conhecer e saber o que eles fazem e como fazem se nada for colocado em prática. Por isso, não se esqueça: o segredo está em entrar em ação para descobrir qual será o seu real caminho.
Autor : Carlos Cruz - Atua como Coach Executivo e de Equipes, Conferencista e Desenvolvimento Humano e Diretor da UP Treinamentos & Consultoria - www.carloscruz.com.br
O Petróleo que não é nosso!
Por Mauro Kahn & Pedro Nobrega
O futuro do petróleo, a maneira como o recurso se posicionará na escala energética daqui a alguns anos, é um assunto que gera grande controvérsia e surge cercado de preconceitos e informações mal-interpretadas. Não é raro, em uma mesa de discussão, nos depararmos com aquele sujeito “entendido”, sempre disposto a nos alertar – com muita gravidade – sobre a escassez do petróleo. Para tanto, o “entendido” geralmente se baseia em informações como a elevada produção mundial em comparação com o volume total das reservas. No entanto, existe uma outra possibilidade, que pode ser perfeitamente defendida, a qual parte da estimativa otimista de que ainda há muitas descobertas por acontecer.
E não somente isso. Existem também aquelas reservas que já conhecemos e onde a produção é bem pequena, como no caso mais recente do Iraque. Agora o país, “pacificado”, abre-se para novos investimentos estrangeiros e torna-se sinal da constante renovação pela qual passa a Indústria do Petróleo, alternando de tempos em tempos seus principais campos de ação.
Justamente devido à modesta produção no decorrer dos últimos 20 anos, atualmente o Iraque ocupa a posição de melhor R/P (Reserva/Produção) do planeta. Além disso, conta com um potencial estimado de 100 bilhões de barris em reservas ainda não provadas. Embora muitas das informações que nos chegam da região do Golfo Pérsico sejam desencontradas e cercadas de especulação, é possível conjecturar que ainda existam reservas a serem descobertas no mar, uma vez que a maioria dos campos explorados encontra-se em terra.
Fato é que uma grande parte das reservas mundiais de petróleo encontra-se inacessível, pelas mais diversas razões. Em certos casos, pode ser uma questão tecnológica (como o petróleo que se encontra no pré-sal). Já em outros, são questões ambientais que tornam o Upstream e o Midstream bem arriscados, como no caso do estado do Alasca e do Pólo Norte.
No entanto, os casos que chamam mais atenção, e portanto surgem de maneira mais evidente, são aqueles em que o impedimento deriva de guerras e pressões políticas. Não podemos encontrar melhor exemplo para este tipo de situação do que o impasse quanto à exploração de petróleo no Mar Cáspio. A região, riquíssima, chegou a ser explorada pelos irmãos Nobel e tornou-se um pólo atrativo no início do século XX. Durante o III Reich, chegou a ser um alvo da cobiça de Hitler e estopim para a tragédia de Stalingrado.
No entanto, com o governo soviético e sua subseqüente derrocada, os países que circundam o Mar Cáspio jamais conseguiram entrar em acordo sobre como deverá ser distribuído o lucro proveniente da espetacular produção em potencial. Reuniões e acordos entre os países da antiga URSS são constantemente organizados, mas a disparidade de interesses e as profundas marcas deixadas pela história não permitem qualquer conclusão positiva.
Um dos grandes problemas do Mar Cáspio remete ao escoamento através de dutos, que inevitavelmente cruzariam países muitas vezes antagônicos aos produtores ou sujeitos a uma grande probabilidade de atentados terroristas. O Afeganistão, por exemplo, seria um caminho natural para que o petróleo (e principalmente o gás) chegassem à Índia e ao Sudeste Asiático, mas sua instabilidade espanta os investimentos. O mesmo ocorre com o noroeste da China, em teoria um excelente ponto de entrada, mas na prática constantemente agitado por movimentos separatistas.
Hoje, postergar essa produção ainda interessa à Rússia, país com as maiores reservas da região. Posicionada estrategicamente, apresentando as melhores condições para ser a grande fornecedora da “Zona do Euro” e de vizinhos como China e Japão, a Rússia não tem razões imediatas para colocar seus vizinhos do Mar Cáspio em evidência, correndo o risco de perder mercado.
Os investimentos do país na Sibéria Oriental e na Ilha de Sakhalin (que promete 1200 milhões de barris, além de 500 bilhões de m³ de gás natural) por ora vêm bastando. Por outro lado, assumir o Mar Cáspio como parte deste projeto poderia facilmente colocar a Rússia em proximidade com a Arábia Saudita, tornando-se o maior exportador de gás e petróleo do mundo. E é bem provável que esta seja apenas uma questão de tempo.
O caso da Rússia, como o do Iraque e as já citadas regiões de fragilidade ambiental, é apenas mais um exemplo de caminho através do qual o petróleo ainda pode se mover como principal recurso energético de um país.
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