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Pré-sal vai impulsionar conteúdo nacional no setor naval e offshore

Fonte: Redação
Data: 11/11/2009


O assessor de Exploração e Produção do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) Getúlio Leite, afirmou ontem, em conferência durante a Niterói Fenashore 2009, que o Brasil vai precisar investir nos próximos 20 anos cerca de US$ 170 bilhões para desenvolver a produção das áreas já licitadas no pré-sal, que correspondem a 13 bilhões de barris nos campos de Tupi, Iara e Guará.
O especialista, que participou do painel "Os Desafios do Conteúdo Local no Novo Ciclo de Investimentos", afirmou que as novas reservas do pré-sal trazem boas perspectivas para o aumento da participação do conteúdo nacional na indústria naval e offshore. Na opinião do assessor do IBP, o Brasil poderá se tornar um dos maiores produtores mundiais de petróleo, o que vai abrir um grande espaço para o desenvolvimento da indústria de peças, equipamentos e componentes.


Leite ressaltou ainda que o país precisa estabelecer uma política industrial estratégica que dê suporte à indústria nacional e garanta sustentabilidade aos fornecedores de bens e serviços. "A indústria naval e offshore precisa adotar mecanismos que fortaleçam as empresas nacionais com objetivo de tornar o parque industrial brasileiro competitivo globalmente, para atender à demanda de uma indústria de elevado conteúdo tecnológico", explicou Leite.


Ele lembrou que a abertura do mercado em 1997 e a realização das Rodadas de Licitações nos últimos dez anos levaram a uma expansão de investimentos no setor de petróleo e gás natural, revelando que as exigências de conteúdo local atuaram como um forte indutor da maior participação da indústria local fornecedora de bens e serviços. O especialista lembrou que apenas na 7ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2005, houve a inclusão da cartilha e certificação do Conteúdo Local.


Já o vice-presidente do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Raul Sanson, reforçou que o pré-sal deverá gerar cerca de 200 mil empregos até 2020. Para ele, o caminho para a expansão do setor naval e offshore passa pelo fortalecimento do conteúdo nacional. "Se as empresas do setor não valorizarem a participação do conteúdo local em toda a cadeia produtiva, não há possibilidade de aumentar o próprio consumo interno e movimentar o mercado nacional. As empresas perdem força e param de produzir e consumir petróleo e diesel, por exemplo", explicou Sanson.


O vice-presidente da Firjan lembrou ainda que quem mais gera emprego na indústria naval e offshore são os fabricantes de peças e equipamentos. Segundo ele, estas empresas geram até 10 vezes mais empregos do que os estaleiros, mas não têm visibilidade dentro da cadeia produtiva. "Um dos motivos que explicam por que a participação do conteúdo nacional ainda não está nos níveis desejados é que não há uma visão de toda a cadeia produtiva. Precisamos dar mais destaque para estas empresas que estão embaixo", ressaltou.


Ainda durante a conferência, o superintendente do Estaleiro Mauá, Ismael Brandão, afirmou que a empresa está se modernizando para ganhar competitividade no mercado internacional, implantando melhorias por meio da aquisição de novos equipamentos. Segundo ele, isso abre espaço para fornecedores nacionais. "O nosso objetivo é alavancar o índice de nacionalização na produção do estaleiro. Estamos trabalhando em pesquisas para mostrar de forma transparente os gargalos que impedem uma maior participação do conteúdo nacional na indústria", informou Brandão.


A terceira edição da Fenashore acontece até quinta-feira, em Niterói (RJ).

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