TECNÓLOGO EM PETRÓLEO E GÁS
Rio - O Rio de Janeiro já ficou conhecido como "a capital do petróleo". O estado concentra 80% de todo o óleo produzido no País, além de 50% da produção de gás. Nos últimos anos houve importantes evoluções na indústria petrolífera, atingindo metas expressivas com desenvolvimento, através da Petrobras e com o apoio da engenharia brasileira, de tecnologia de ponta, inclusive já exportando know-how em produção em águas profundas.
“Somos, além de auto-suficientes, volumétricos na produção de petróleo bruto, exportadores de diversos derivados e outros que hoje constituem parcelas significativas em nossa pauta de exportação ao lado de produtos tradicionais como minérios e produtos agrícolas (café e soja)”, afirma o secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer.
Esse desenvolvimento em curso demanda uma necessidade cada vez maior de mão-de-obra especializada, desde os níveis básico e técnico (nível médio), aos níveis superiores (graduação não convencional, graduação e pós-graduação).
O mercado da indústria e petróleo, que evolui em ritmo mais acelerado que outros segmentos, vem contribuindo para promover uma demanda crescente de formação profissional específica.
Dentro dos cursos superiores da chamada “graduação não convencional”, surgem centenas de Cursos de Tecnólogos em diversas instituições de ensino superior, principalmente as privadas. No Rio de Janeiro, que passa por um “boom” de desenvolvimento econômico, a formação do Tecnólogo na área de Petróleo e Gás Natural é feita por instituições de tradição: Cefet, Estácio de Sá, Gama Filho, Unigranrio, Universo e Veiga de Almeida.
No ensino público, a primeira instituição voltada exclusivamente para a formação superior de Tecnólogos, a Uezo (Universidade da Zona Oeste), localizada na Zona Oeste (Santa Cruz), já está no seu primeiro ano de funcionamento com cursos de “Tecnólogos em Produção de Gestão em Construção Naval e Off-Shore” e “Tecnólogo em Produção de Polímeros”, além de outros cursos para segmentos econômicos onde há crescimento acelerado, como Siderurgia, Fármacos e Biotecnologia.
Em diversos países da Europa e nos Estados Unidos a profissão de Tecnólogo é a principal fonte de recursos humanos para a indústria em geral em especial para a indústria do petróleo. No Brasil, a formação de Tecnólogo torna o profissional apto a ascender aos mais elevados níveis da organização na maioria das empresas do país. “O Tecnólogo é uma profissão relativamente nova no Brasil e está começando a ter uma grande aceitação pelo mercado em especial pelas empresas privadas de bens e serviços que atuam para a Petrobras e para outras operadoras que estarão atuando em nossa bacia sedimentar”, destaca o secretário. Os salários iniciais variam de R$ 2.000,00 a R$ 3.000,00.
A profissão
Os Tecnólogos em áreas Petróleo e Gás têm, nas suas diversas denominações de formação, competências voltadas à gerencia, ao monitoramento e à execução de diversas atividades de apoio relacionadas à prospecção, extração, beneficiamento ou produção, armazenagem e comercialização do petróleo e seus derivados. Em sua atuação, o Tecnólogo tem também capacitação para aplicar a legislação do setor, aferir, quando credenciado, a qualidade de produtos, bem como gerenciar situações de emergência, com vistas ao controle de acidentes de trabalho e ambientais desde que tenha a complementar formação legal exigida.
Outro aspecto importante é que a formação de Tecnólogo pode servir de formação complementar, em nível superior, para milhares de Técnicos de nível médio (2º grau), que precisam de tal formação, de forma rápida e específica, para poder ascender em suas empresas.
“Tenho conhecimento que na própria Petrobras centenas de profissionais realizam tal formação como maneira de crescer na sua carreira e na própria organização, o que é um movimento espontâneo muito positivo para própria empresa e para a qualidade geral dos seus recursos humanos e conseqüentemente dos seus serviços”, diz Wagner Victer.
Victer esclarece que, ao contrário do que pode parecer em um primeiro momento, não existe qualquer conflito ou competição com a carreira tradicional de graduação em Engenharia, que continuará tendo seu espaço, principalmente nas atividades referentes a execução e acompanhamento dos projetos de engenharia (básicos e de detalhamento).
“Porém, diversas atividades da cadeia produtiva do setor petróleo que não requerem a graduação tradicional de Engenharia, como suprimentos, logística, planejamento, controle, orçamento, gestão de processos de campo e de qualidade, relacionamento institucional, podem ser realizadas pelo Tecnólogo com grande competência”, garante.
A formação de Tecnólogo em Petróleo e Gás prepara o profissional para o início de carreira em empresas produtoras de petróleo e seus fornecedores de bens e serviços. Dentre as aptidões necessárias para ingressar na área destacam-se o gosto por desafios, inovações tecnológicas e o domínio básico de línguas estrangeiras, além da disposição para trabalhar em ambientes diversos — desde escritórios (projetos) até em campo, como unidades industriais tipo refinarias petroquímicas, e em confinamento no mar (plataformas e navios).
Duração de 2,5 a 3 anos
Os cursos, em geral, têm duração média de 2,5 a 3 anos, variando em cada instituição. São reconhecidos pelo MEC como uma formação de nível superior, permitindo, após seu término, o ingresso em cursos de pós-graduação stricto sensu, como mestrado e doutorado.
Todos os alunos do curso de Tecnólogo, nas diversas denominações e unidades, recebem, em sua formação, o conhecimento básico, técnico e da legislação para exercer atividades na área industrial (Downstream), em especial no refino, e nas atividades produtoras do petróleo e gás (Upstream).
Cursos complementares podem ser realizados em diversas instituições públicas e privadas para atender a uma demanda específica do setor, como logística, comércio internacional, planejamento, meio ambiente, suprimentos e etc.
Estácio tem o maior número de alunos
Atualmente, o curso de Tecnólogo com o maior número de alunos no Rio de Janeiro é o da Universidade Estácio de Sá, que tem a denominação de "Gestão para a Indústria de Petróleo e Gás". Nas demais instituições as denominações são: “Gestão em Petróleo, Gás e Energia” (Universidade Veiga de Almeida), “Exploração de Petróleo” (Unigranrio), “Processamento de Petróleo e Gás” (Universidade Gama Filho), “Gestão de Negócios em Petróleo Gás Natural” (Unig), “Gestão de Petróleo e Gás” (Universo) e “Petróleo e Gás” (Cefet).
Victer explica que os cursos acabam por adaptar suas grades curriculares para atender às necessidades específicas do mercado, considerando a vocação regional, uma ou mais etapas do processo produtivo do petróleo e gás: “No Norte Fluminense, por exemplo, os cursos são voltados à extração do petróleo; na Baixada Fluminense, ao refino, à petroquímica e à indústria plástica; no Sul Fluminense, à fabricação de equipamentos; e na Capital, aos diversos segmentos de serviços correlatos ao setor. Outro exemplo concreto desta dinâmica regional serão as diversas demandas que derivarão do futuro Complexo Petroquímico (Comperj) a ser instalado em Itaboraí/São Gonçalo”.
O desenvolvimento do setor petrolífero no Rio de Janeiro criou uma grande oferta de empregos em diversas áreas. A expansão da Petrobras e de empresas satélites aumentou, por exemplo, a procura por advogados que atuem nas áreas tributária, contratual, trabalhista, ambiental, de consultoria e internacional. Para isso, são necessários profissionais especializados através de cursos cada vez mais específicos. Um deles é o de Direito do Petróleo, que oferece treinamento gerencial com enfoque jurídico direcionado para a indústria do petróleo.
Para Mauro Kahn, diretor-executivo do Clube do Petróleo — entidade criada com o objetivo de reunir, em atividades técnicas ou sociais, pessoas que integram a indústria do petróleo —, os profissionais de Direito precisam procurar esse tipo de especialização para encontrar espaço no mercado de trabalho: "Já foi tempo em que o advogado era um mero legalista e processualista. Atualmente, o profissional tem que ser multidisciplinar, atuar em diversas vertentes".
O curso oferecido pelo Clube do Petróleo permite que o aluno conheça todo o funcionamento da indústria. "A grade curricular é formada por algumas matérias de engenharia, que explicam a indústria do "poço ao posto"”, explica Mauro Kahn. Por isso, o perfil dos estudantes é bastante variado. "Temos advogados recém-formados que estão buscando especialização, outros que já trabalham em um grande escritório mas precisam se especializar, executivos da indústria do petróleo que querem conhecer as leis para tomar certas decisões, entre outros", conta.
Além da refinaria petroquímica que será instalada em Itaboraí/São Gonçalo, outras frentes de trabalhos na indústria do petróleo vêm sendo abertas no Rio de Janeiro. Durante a Rio Oil & Gas, feira de repercussão internacional que é realizada a cada dois anos no Rio de Janeiro desde 1982, a alemã Schulz América Latina, em parceria com outros tradicionais grupos da Alemanha (EEW GmbH e Heinz Gothe) e com apoio do governo do estado, anunciou a instalação de mais uma fábrica de tubos com costura em ligas resistentes à corrosão.
A fábrica será construída em Campos, na Região Norte Fluminense, e será destinada a abastecer os setores de petróleo, gás natural, naval, petroquímico e siderúrgico. No evento, a Schulz e o governo do estado ainda assinaram um Termo de Compromisso para que o grupo alemão contrate mão-de-obra qualificada nas escolas técnicas estaduais. A construção da nova fábrica terá investimentos totais de R$ 35 milhões e irá gerar cerca de 400 postos de trabalho diretos durante as obras.
De acordo com o diretor-executivo da Schulz América Latina, Marcelo Bueno, um terço dos tubos produzidos na nova fábrica servirá como matéria-prima para a fábrica de conexões tubulares, um terço será destinado às exportações e o terço restante será para fornecimento ao mercado interno, especialmente para projetos offshore.
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