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Quem perde e quem ganha com um barril de petróleo rondando os U$ 150,00?



Quando entra em questão quem serão os ganhadores e perdedores com a alta no preço do barril, é natural deduzir que ganharão os produtores e perderão os consumidores. A questão ganha maior profundidade quando constatamos quais são esses países. De um lado, temos EUA, China, Japão e Europa consumindo a maior parte do petróleo mundial
(e vivenciando um declínio preocupante em suas reservas); do outro temos os países do Oriente Médio e a Rússia liderando a produção.

São inúmeras as razões para as cotações estarem tão elevadas, mas a principal é de fato a suposição de que o petróleo faltará a longo prazo devido ao declínio das reservas e ao aumento exagerado do consumo. Programas de eficiência energética na prática inexistem, apenas amplificando o consumo – especialmente em países em desenvolvimento e superpopulosos como China e Índia, onde a renda per capita cresce a cada ano. É importante ressaltar que tal cenário pode se tornar insustentável para países que ainda não tenham alcançado a auto-suficiência em petróleo. Em um hipotético contexto no qual China e Índia tivessem o mesmo número de veículos por habitante que tem o Brasil (note que o parâmetro é relativamente otimista, não estamos tomando como exemplo EUA ou Japão), os gastos seriam o suficiente para criar um rombo nos recursos (sem falar na Economia) do planeta.

Outra hipótese (mais grave) é a de que o petróleo possa faltar a curto prazo - neste caso em decorrência de possíveis conflitos militares (as maiores reservas do mundo estão em áreas de conflito). Imagine como seria se, por exemplo, ocorresse o fechamento do “Estreito de Ormuz”.

Entretanto, quando se cogita a escassez de petróleo a curto prazo, as cotações fogem totalmente ao controle até mesmo da OPEP, podendo vir a ultrapassar até mesmo as previsões mais catastróficas (o que hoje seria a de um preço a US$ 200,00/barril). Foi exatamente por essa razão que uma única (ainda que séria) declaração do ministro dos transportes de Israel em relação ao Irã fez com que as cotações subissem quase US$ 10,00 em um único dia (pois o Irã, afinal, além de importante membro da OPEP, é a segunda maior reserva do mundo e dispõe de uma perigosa influência militar no Golfo Pérsico).

A partir daí, surge a seguinte problemática: apesar de serem aliados de Israel, os EUA teriam um prejuízo infinitamente superior ao de Israel em caso de conflito com o Irã. Entretanto, não podemos desconsiderar que Israel é muito mais vulnerável a um Irã com armamento nuclear do que os EUA.

Para finalizarmos este complicado cenário geopolítico, fazemos o seguinte questionamento: e o “BRIC”, ficaria polarizado (tendo o “BR” do lado dos que tem petróleo - Brasil e Rússia - e o “IC” - Índia e China - do lado dos que não possuem reservas suficientes para atender necessidades espetacularmente crescentes de consumo)?

Hoje imaginamos o "BRIC" como sendo um seleto grupo de paises em franco desenvolvimento econômico. A Índia e, principalmente, a China passaram a crescer em um ritmo muito acelerado. Entretanto, um barril de petróleo a US$ 200 por um longo período comprometerá invariavelmente os planos chineses e indianos, uma vez que ambos são muito dependentes do petróleo e gás estrangeiro (principalmente dos russos) . Neste caso, seria a Rússia quem poderia nos surpreender, com um desenvolvimento econômico bem maior do que o previsto – isso em função das milionárias exportações de seu petróleo e gás (maiores reservas do mundo), que já abastecem a maior parte da Europa.

No caso brasileiro, a meta por ora é a auto-suficiência, o que não é pouca coisa. No entanto, já é possível olhar além. Em um futuro não muito distante, é cada vez mais provável nos tornarmos médios exportadores, principalmente de derivados (já que nosso planejamento estratégico aponta para uma expansão do nosso parque de refino, com a aquisição refinarias estrangeiras em locais estratégicos).

Por Mauro Kahn [clubedopetroleo.com.br]

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